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Alemanha saúda declaração de Bush sobre Iraque

Roselaine Wandscheer2 de maio de 2003

Berlim elogiou anúncio do fim das principais operações no Iraque, feito pelo presidente Bush a bordo do porta-aviões Abraham Lincoln. Visitas de políticos alemães aos EUA marcam reaproximação da Alemanha com este país.

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Bush: Ficaremos no Iraque até que o trabalho esteja terminadoFoto: AP

O próximo passo é conquistar a paz no Iraque e em toda a região, disse o porta-voz do governo alemão em Berlim. Ao mesmo tempo, Bela Anda ressaltou que, embora o conflito tenha terminado, a Alemanha mantém sua posição contra a guerra. "A reconstrução do Iraque deve ser feita sob os auspícios das Nações Unidas e a Alemanha está disposta a colaborar de forma apropriada neste processo", acrescentou Anda.

A posição do governo alemão contra a guerra no Iraque continua sendo apoiada pela maioria dos alemães. Conforme uma pesquisa de opinião divulgada nesta sexta-feira (2/5) em Berlim, 72% dos entrevistados (em março haviam sido 84%) acham que a operação militar norte-americana no Golfo Pérsico não foi correta. Apenas 23% vêem na guerra um instrumento legítimo contra o regime iraquiano.

A bordo do porta-aviões Abraham Lincoln, que retornou de sua missão no Golfo Pérsico, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou nesta quinta-feira, próximo à costa da Califórnia que a guerra no Iraque representou ''uma vitória contra o terrorismo'' e decretou o fim das principais operações militares das tropas da coalizão anglo-americana em território iraquiano.

''As principais operações de combate no Iraque terminaram'', afirmou o presidente. ''Na batalha do Iraque, os Estados Unidos e seus aliados venceram'', avaliou Bush, que considerou a queda de Saddam Hussein um ''avanço crucial'' para deter a violência extremista.

Ficar até concluir o trabalho

Bush, no entanto, não declarou a vitória, nem anunciou formalmente o fim da campanha militar deflagrada há seis semanas. ''Temos um difícil trabalho a fazer no Iraque. A transição de uma ditadura para uma democracia vai levar tempo, mas vale a pena qualquer esforço. Nossa coalizão vai ficar até que o trabalho esteja terminado'', frisou Bush.

A mensagem do presidente americano não decreta oficialmente o fim das ações militares no Iraque, já que, de acordo com a Convenção de Genebra, os EUA estariam obrigados a libertar os prisioneiros e encerrar as buscas a dirigentes iraquianos.

USA Soldaten in Nasirija
Combates no centro do IraqueFoto: AP

Apesar da objeção de vários países, Washington havia iniciado os ataques contra o Iraque a 20 de março, argumentando a existência de armas de extermínio em massa, que até hoje não foram encontradas. A Casa Branca também tentou vincular o regime de Saddam Hussein com a organização terrorista Al Qaeda, responsabilizada pelos atentados de 11 de setembro de 2001, mas não encontrou provas definitivas para esta acusação.

O secretário de Estado norte-americano Colin Powell iniciou nesta sexta-feira uma viagem à Espanha, Albânia, Síria e Líbano, na tentativa de promover a paz no Oriente Médio. Sua primeira escala foi Madri, onde analisou com o governo espanhol os planos do pós-guerra no Iraque.

Os números da guerra

Num balanço inicial da guerra, divulgado nesta sexta-feira pela agência alemã de notícias DPA, a guerra no Iraque mobilizou 300 mil soldados da coalizão (255 mil norte-americanos, 45 mil britânicos e 2 mil australianos) e 380 mil militares iraquianos. Dez jornalistas foram mortos durante os combates.

Fontes militares norte-americanas calculam que morreram pelo menos 2300 soldados iraquianos e entre 1200 e 2600 civis. Do lado da coalizão, morreram 171 soldados (138 dos EUA e 33 britânicos). Cerca de 6800 prisioneiros de guerra estão nas mãos da coalizão. A guerra custou mais de 25 bilhões de dólares aos países agressores e, para a reconstrução do Iraque, são estimados pelo menos 100 bilhões de dólares.

Sinais de distensão entre Alemanha e EUA

Gerhard Schröder Regierungserklärung Irak
Gerhard SchröderFoto: AP

As relações teuto-americanas passam por uma fase de aproximação, após a longa crise iniciada em setembro do ano passado. Durante a campanha eleitoral pela sua reeleição, o chanceler federal Gerhard Schröder havia rejeitado categoricamente, pela primeira vez, a participação da Alemanha num conflito contra o Iraque. Em vão, a Alemanha, a França e a Rússia tentaram impedir uma ação militar no Golfo até o início dos bombardeios, a 20 de março.

A tentativa de normalização prossegue neste domingo, quando o ministro da Defesa embarca para Washington. Às margens do encontro dos ministros da Defesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Peter Struck espera ser recebido pelo seu colega de pasta Donald Rumsfeld.

Já o assessor de política exterior de Schröder, Bernd Mützelburg, será recebido na Casa Branca na segunda-feira. Enquanto uma visita do secretário norte-americano de Estado, Colin Powell, à Alemanha está sendo agendada para meados deste mês, o ministro da Economia, Wolfgang Clement, está com viagem programada a Washington e Nova York de 19 a 22 de maio.