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Merkel no Golfo Pérsico

Ina Rottscheidt (rr)5 de fevereiro de 2007

Enquanto a chanceler federal alemã viaja pelos países do Golfo Pérsico, cresce a expectativa de representantes da economia e da indústria quanto à intensificação das relações comerciais para muito além do petróleo.

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Surge uma nova potência econômica?Foto: AP

Com o preço do petróleo chegando ao valor recorde de 70 dólares por barril, os países produtores de petróleo registram índices de crescimento jamais vistos, desde a década de 70. Só na Arábia Saudita, onde a chanceler federal alemã, Angela Merkel, se encontra em visita oficial nesta segunda-feira (05/02), a economia cresceu 10% no último ano.

No entanto, diferentemente do boom do petróleo de 30 anos atrás, os ganhos obtidos com a exportação do petróleo estão agora sendo aproveitados "de forma mais inteligente e objetiva", com consciência de que o petróleo é um recurso limitado, argumenta Felix Neugart, especialista em Oriente Médio da Câmara Alemã da Indústria e Comércio.

Dubai: Künstliche Inselgruppe - The Palm Jumairah
Dubai: turismo em vez de petróleoFoto: dpa

Segundo ele, há diversas tentativas para diversificar a economia e promover a independência em relação ao petróleo, como a utilização alternativa de gás, a expansão da indústria de turismo e uma maior exploração da região como zona de ligação entre a Europa e a Ásia.

"Dubai é pioneira neste sentido e Jabal Ali já é o maior porto de contêineres do mundo", explica Neugart. Os demais países também investem na ampliação da infra-estrutura e do setor de saúde como resposta ao crescimento demográfico, e a educação é vista como recurso-chave para a população da região, explica.

Visita é um sinal

Com vista nisso, Angela Merkel e o ministro alemão da Economia, Michael Glos, que viajam acompanhados por uma delegação de 40 especialistas econômicos, depositam grandes esperanças na visita que fazem à região até terça-feira (06/02).

Symbolbild Öl Rohstoff Ölförderung Kampf um Rohstoffe Arbeiter in Ölproduktion Erdöl
Petróleo: até quando?Foto: AP

Depois de passar pelo Egito e pela Arábia Saudita, Merkel visitará os Emirados Árabes Unidos e o Kuweit. "Trata-se de uma região de extrema importância econômica", disse Ulrich Wilhelm, porta-voz do governo alemão.

Para Neugart, a viagem é um sinal de que a região do Golfo ganha cada vez mais importância como parceiro estratégico da Alemanha e da União Européia. "As exportações alemãs para os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) registraram um aumento de mais de 13% só nos primeiros dez meses de 2006, subindo para quase 11 bilhões de dólares", disse.

"O Oriente Médio vive um boom econômico", conta Peter Göpfrich, diretor-geral da Câmara Teuto-Árabe de Comércio. "Esperamos que a viagem de Merkel resulte em muitos contatos econômicos." Estes, por sua vez, já não mais se resumem ao comércio de petróleo: a Siemens constrói usinas elétricas no Kuweit, a MAN Ferrostaal constrói uma unidade de destilação de metanol em Omã e a Hansa Chemie está envolvida no maior projeto turístico iraniano na ilha de Kish.

Proteção ao meio ambiente é lacuna

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Egito investe em energia eólicaFoto: AP

Mas, para Göpfrich, a proteção ao meio ambiente e o emprego de energias renováveis são temas que também deveriam constar da agenda de Angela Merkel.

Segundo ele, trata-se de temas promissores e futuramente lucrativos, já que a Alemanha é pioneira em biodiesel, energia solar e eólica. "Infelizmente, a região ainda não se preocupa com a eficiência ecológica, pois não há pressão. Eles ainda se apóiam na exploração de petróleo."

Outro atrativo para empresas européias é a crescente integração econômica da região. Seguindo o modelo da Zona do Euro, os seis países do CCG – Barein, Kuweit, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Omã – pretendem criar uma zona monetária unificada.

Segundo Göpfrich, isto poderia perfeitamente ocorrer já nos próximos dois anos, uma vez que há acordos econômicos e tributários em vigor. "Este é um passo importante, pois a criação de um novo grande mercado aumenta as possibilidades de lucro para empresas européias."

Importância reconhecida

Deutschland Europatag der Deutschen Wirtschaft Angela Merkel
Poderá Merkel reanimar o Quarteto do Oriente Médio?Foto: picture-alliance/ dpa

"A importância da região foi reconhecida", avalia Göpfrich. No entanto, ainda é cedo para falar em uma potência econômica unificada na região do Golfo, mesmo que haja potencial para tanto. Em sua opinião, há obstáculos de natureza política e a necessidade de se criar uma identidade comum, "tanto quanto à legitimidade de muitos governos como quanto a rivalidades dos países entre si e a falta de coordenação política".

Sua maior esperança, entretanto, é de que Angela Merkel faça uso de sua posição à frente da presidência rotativa da União Européia. "Esperamos que o Quarteto do Oriente Médio seja reanimado e que se encontre uma solução para a paz na região."