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Metas do milênio

10 de setembro de 2010

Em encontro com Kofi Annan, Angela Merkel assegura que programas ligados às metas do desenvolvimento do milênio não receberão menos dinheiro por causa da crise. Alemanha ainda não atingiu volume de doações prometido.

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Nem todas as crianças africanas têm a oportunidade desse garoto da NigériaFoto: picture-alliance/ ZB

O ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan obteve nessa sexta-feira (10/09) uma promessa da chanceler federal alemã, Angela Merkel: a Alemanha não diminuirá sua contribuição financeira para as metas do desenvolvimento do milênio (lançadas pela ONU há dez anos), apesar da crise econômica mundial.

Após o encontro que aconteceu em Berlim, Merkel disse que países receptores e doadores devem cooperar para que os recursos existentes sejam aplicados de maneira mais eficiente. "Cada país doador deve ter um plano de desenvolvimento."

Ela disse que os países industrializados devem ir além de um conceito meramente caritativo. Segundo ela, um bom desenvolvimento econômico é importante para países como os africanos e oferece oportunidades também para a economia alemã.

Também Annan defendeu o fortalecimento do setor privado nos países doadores, a fim de gerar empregos. O ex-secretário-geral alertou para que o apoio internacional às metas do milênio não diminua por causa das dificuldades para se alcançar os vários objetivos estipulados.

As metas do milênio visam reduzir radicalmente a pobreza e a fome, oferecer educação básica para todos, combater a aids e promover desenvolvimento nas áreas da saúde, meio ambiente, igualdade entre homens e mulheres e parcerias globais.

Ainda dá tempo

"As metas de desenvolvimento do milênio podem ser atingidas – inclusive nos países pobres – por meio de um comprometimento renovado, implementações efetivas e ações coletivas intensificadas por todos os membros da ONU e por outros atores relevantes", diz um documento que deve ser discutido na próxima conferência das Nações Unidas, entre 20 e 22 de setembro.

A crise financeira global provocou uma forte redução dos recursos que seriam destinados aos programas de implementação das metas do milênio, mas, ainda assim, a instituição diz acreditar que a situação pode ser revertida a tempo.

Alemanha contribui menos

A falta de dinheiro atinge especialmente o programa Educação para Todos. A cada ano, só para esse projeto faltam cerca de 16 bilhões de dólares. As consequências são sentidas, por exemplo, na África, onde 75 milhões de crianças estão fora da escola.

E a Alemanha é um dos países que tem colaborado menos do que o esperado para o cumprimento das metas do milênio. Segundo um estudo publicado por Reinhard Hermle, especialista em políticas de desenvolvimento, a participação alemã na área de cooperação educacional parece maior do que realmente é.

"Da quantia de 1 bilhão de euros que a Alemanha destina para a cooperação na área de educação, 70% são destinados a estudantes estrangeiros que vão estudar no país. E apenas 30% seguem para a promoção da ajuda ao desenvolvimento nos países em desenvolvimento", critica.

O governo alemão, que se comprometeu a destinar, até 2015, 0,7% do seu Produto Interno Bruto para ajudar a atingir as metas do desenvolvimento do milênio, diz que esse percentual não é um compromisso, mas uma meta acertada com outros países europeus.

"Não é uma promessa, mas um objetivo comum. Não conseguiremos atingir o objetivo intermediário de 0,51%. Em 2009 chegamos a 0,36%. Estávamos num bom ritmo de recuperação, mas aí veio a crise econômica", disse Manfred Konukiewitz, do Ministério alemão da Ajuda ao Desenvolvimento.

Mais envolvimento

Até 2015, é preciso acelerar o ritmo dos esforços, afirmou Peter Krämer, representante da Unicef na Alemanha. Segundo ele, os países mais poderosos, ou seja, os do G8 e G20, devem reconhecer a seriedade do problema e ver que também há vantagens para eles no cumprimento das metas.

Ele calcula que a Alemanha precise disponibilizar mais 1,5 bilhão de euros anuais para que as metas de educação sejam alcançadas.

"Eu vou conversar com o governo federal para que ele honre os compromissos assumidos há tempos no que diz respeito à ajuda ao desenvolvimento. Vou pedir que o governo não faça apenas cortes e reagrupamentos, mas que faça o que prometeu há tempos, que é elevar [sua ajuda] para 0,5% e até 2015 para 0,7%", afirmou Krämer.

NP/DW/rts/dpa/epd/afp
Revisão: Alexandre Schossler