Alemanha pode presidir Comissão da ONU para o Iraque
18 de dezembro de 2002Depois das cinco potências com direito a veto (Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China) no Conselho de Segurança da ONU, os demais integrantes também receberam uma cópia do relatório entregue pelo Iraque sobre seu programa de armamento. Só que essa versão foi reduzida a um quarto do volume total e contém, ainda assim, partes encobertas com tinta preta.
A censura, feita às pressas, deixa transparecer em alguns casos os nomes de empresas alemãs que forneceram ao governo de Bagdá material e tecnologia considerados como "sensível", isto é, que pudessem ser usados na fabricação de armas. Firmas de inúmeros outros países – da Suíça, Japão, Itália, França, Suécia, Brasil e até mesmo dos Estados Unidos – são citadas no relatório. Apesar disto, somente os nomes de empresas alemãs e suíças ficaram parcialmente visíveis na parte enegrecida. Isto gerou nos círculos da ONU a suspeita de que o "descuido" possa ter sido proposital.
Comissão das Sanções
A partir de 1º de janeiro de 2003, a Alemanha passa a fazer parte do Conselho de Segurança, juntamente com Chile, Espanha, Angola e Paquistão, dentro do sistema rotineiro de revezamento. A França e a Rússia conseguiram impor, ao que tudo indica, que a Alemanha suceda então à Noruega na presidência da Comissão das Sanções ao Iraque. Contra a vontade dos Estados Unidos, que preferiam o Chile ou a Espanha.
A Comissão é responsável por todas as decisões relativas às importações e exportações do Iraque. Após a invasão do Kuwait pelas tropas de Saddam Hussein, em 1990, a ONU decretou sanções contra o governo de Bagdá. Mas no contexto do programa denominado "Petróleo por Alimentos", é permitido ao país a exportação de uma cota limitada de óleo bruto, a fim de financiar a importação de gêneros alimentícios, medicamentos e outros artigos de primeira necessidade. À Comissão cabe o controle de tais transações.
Washington mostra reservas em relação à Alemanha, principalmente nas questões relativas ao Iraque. O governo de Berlim recusa categoricamente qualquer apoio direto ou indireto a uma eventual intervenção militar americana no Iraque. Mas a Alemanha cumprirá todos os seus compromissos internacionais como parceira da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte, afirma o chanceler Gerhard Schröder.