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Alemanha pode ficar sem torcida no Japão

Marcio Weichert30 de janeiro de 2002

Até agora alemães só compraram 10% dos ingressos reservados por sua federação de futebol para a Copa do Mundo. Imprensa, dirigentes e agentes de turismo culpam o alto custo das viagens e da vida no Japão.

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A Seleção Alemã estréia no estádio de Sapporo, contra a Arábia SauditaFoto: AP

Além de apaixonados por futebol, os alemães são os campeões mundiais de turismo internacional. Nem por isto a Seleção Alemã pode estar certa do apoio de sua torcida nas partidas da Copa do Mundo no Japão e na Coréia do Sul. A menos de quatro meses do início do mundial, somente 350 ingressos de jogos da Alemanha na primeira fase foram vendidos pela Federação Alemã de Futebol (DFB), que reservou junto à Fifa 3500 para cada partida.

As razões para a pouca procura podem ser muitas: desde a desilusão com as chances da seleção tricampeã mundial até os altos preços dos ingressos e dos pacotes de viagem, passando pela certeza de que, em quatro anos, se poderá assistir à Copa do Mundo na própria Alemanha.

Balanço provisório

– Os dados mostram que os alemães não são os únicos cautelosos. Os espanhóis, que também costumam acompanhar em massa sua seleção, igualmente ainda não mostraram grande entusiasmo em ir ao mundial, assim como sul-africanos e turcos.

Por sua vez, a lotação dos estádios das partidas dos anfitriões japoneses já está esgotada. O pacote para assistir à seleção nacional contra Bélgica, Rússia e Tunísia custou o equivalente a R$ 8,3 mil. As vendas também vão bem na Inglaterra e França. Treze mil torcedores destes países já reservaram seus lugares. Sem saber quando sua seleção participará de novo de uma copa, os irlandeses promovem, da mesma forma, uma corrida aos ingressos. A Nigéria é outro país onde a procura impressiona. Com base nestes dados, a Fifa confia que a Copa 2002 baterá o recorde de faturamento e público.

Razões da baixa procura

– Segundo a Federação Alemã de Futebol, as mais de 11 horas de vôo da Alemanha para o Japão não assustam os torcedores. Afinal, nos mundiais do México (1986) e dos Estados Unidos (1994), eles marcaram presença do outro lado do Atlântico, para onde os vôos têm aproximadamente a mesma duração que para o Extremo Oriente.

A imprensa alemã, os dirigentes esportivos e os agentes de viagens fazem vista grossa quanto à possível desmotivação para apoiar uma equipe que se classificou somente na repescagem. Para todos, o grande vilão que está afugentando os torcedores são os custos. Já por este motivo Japão e Coréia do Sul não costumam ser destinos dos alemães em férias, embora ambos os países tenham atrativos culturais o suficiente para merecerem uma viagem.

Os preços

– Na Alemanha, um pacote de quatro dias, para um jogo da primeira fase, está sendo oferecido a partir do equivalente a R$ 4,7 mil. Para esticar a viagem em um dia e fazer uma excursão turística, o alemão terá de desembolsar, no mínimo, R$ 6 mil. Se quiser ficar no Japão durante toda a primeira fase, ele pagará pelo menos R$ 11,5 mil. Os pacotes de oitavas e quartas-de-final custam a partir de R$ 8,7 mil. Quem quer permanecer no Japão e na Coréia durante todo o mundial tem de pagar quase R$ 41,7 mil.

E isto tudo sem os ingressos! Pois devido ao escândalo de ingressos falsos na Copa da França em 1998, a Fifa proibiu as agências de viagens de comercializar entradas para os jogos deste ano. Os tíquetes precisam ser encomendados diretamente às federações nacionais de futebol, até 20 de fevereiro. E haja bolso! O pior lugar de um estádio numa partida da primeira fase custa o equivalente a R$ 156. Na tribuna principal, R$ 390. Os ingressos para a final variam de R$ 780 a R$ 1945, ou seja, R$ 42 por minuto de jogo.

Gastos extras inevitáveis

– A conta não terminou. É preciso ainda somar despesas particulares, como a da cerveja. Claro que os alemães não irão abrir mão dela na terra do saquê. Mas lá comemorar uma vitória ou afundar as mágoas de uma derrota com uma Weizenbier, típica da Baviera, custará cinco vezes mais, R$ 21. Um passe ferroviário com validade de 14 dias no Japão está sendo vendido na Alemanha pela Deutsche Bahn por quase R$ 840. De acordo com viajantes assíduos, uma pechincha, comparando-se aos preços habituais.

O passe ferroviário será imprescindível, aliás, para os alemães que pretendem acompanhar in loco os treinos de sua seleção. Os pacotes turísticos desta vez não incluem o programa, pois a DFB vai instalar sua equipe no extremo sul do Japão, bem distante das cidades onde disputará suas partidas.