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Um ano depois

11 de março de 2010

Disparos foram feitos por jovem de 17 anos. Depois do atentado, alunos se mudaram de prédio e leis de armas ficaram mais duras.

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Marcas do tiroteio de 11 de março de 2009Foto: AP

Nesta quinta-feira (11/03), os sinos da igreja de Winnenden tocaram em uníssono, pontualmente às 9h33m. Naquele momento exato o massacre na pequena cidade completava um ano.

Em 11 de março de 2009, Tim Kretschmer, de 17 anos, invadiu a escola secundária Albertville com uma pistola semiautomática de seus pais e matou nove estudantes e três professores. O jovem então deixou o local, roubou um carro e matou outras três pessoas, antes de cometer suicídio.

"Os acontecimentos do último ano continuam conosco", disse à Deutsche Welle a diretora Astrid Hahn. Ela falou sobre o seu desejo de que este aniversário fosse de pesar e esperança, um evento marcante na qual a escola poderá "lembrar o passado, mas também olhar para o futuro."

Na escola, o processo de cura não tem sido fácil – o estresse pós-traumático tornou-se realidade quotidiana. De acordo com o psicólogo Thomas Weber, coordenador do tratamento psicológico em Winnenden, cerca de 60% a 70% dos estudantes de Albertville continuam fazendo terapia, e três professores foram classificados como incapazes para o trabalho. Para evitar um trauma prolongado, a escola mudou de lugar temporariamente, por dois anos.

Stadt Winnenden
Centro de Winnenden, em Baden-WürttembergFoto: DW

Efeitos pós-trauma

Após o atentado, alguns pais de vítimas se mobilizaram e fundaram uma associação cujo desafio era propor uma regulamentação mais severa para armas. Ainda em 2009, a lei federal sofreu alterações, embora não tão abrangentes como a associação teria desejado.

Desde então, a lei permite que o controle sobre proprietários de armas seja feito sem aviso prévio ou suspeita. O novo texto também elevou de 14 para 18 anos a autorização para manuseio de armas de grande calibre.

A lei também permitiu aos proprietários armas ilegais entregá-las até o final de 2009, sem punição. Só em Baden-Württemberg foram entregues 70 mil armas, das quais 7 mil eram ilegais.

Reações mistas

Apesar de o ataque do ano passado ter movimentado a cidade de 28 mil habitantes, muitos cidadãos criticaram a extensão dos eventos comemorativos, que incluíam um discurso do presidente alemão, Horst Köhler.

"Aconteceu tanta coisa aqui e, agora, todas as memórias estão de volta, e eu não acho que isso seja bom", declarou a moradora Brigitte Wegmann à Deutsche Welle. "Esperam que nós pensemos sobre o assunto; mas já pensamos sobre ele, automaticamente. Todos os anos será a mesma coisa, e depois de 50 anos ainda será um grande problema. Em alguma hora a coisa perde o sentido", argumenta.

Entretanto, outros moradores reclamam que a cidade não fez o suficiente para relembrar o ataque. "Na verdade, estou um pouco assustada com a rapidez com as pessoas se esqueceram do tiroteio por aqui", disse Karin Schade, que mora a poucos quarteirões da escola. "Devemos aos familiares das vítimas essa comemoração", defendeu.

Trauerfeier in Winnenden Kerzen, Kränze und Blumen
Moradores lembram das vítimas do massacreFoto: AP

Prevenção de ataques futuros

Uma comissão, criada pela secretaria de Ensino do estado de Baden-Württemberg depois do ataque, fez um relatório de 85 páginas com recomendações que incluem a contratação de mais professores e assistentes sociais, assim como uma melhor compreensão da psicologia dos tiroteios em escolas.

Várias escolas na Alemanha estão capacitando professores para reconhecerem sinais de perigo partindo de alunos violentos em potencial. No entanto, a diretora Hahn e o psicólogo Weber não confiam plenamente nessas recomendações. "Se você olha para os últimos ataques que aconteceram na Alemanha, os agressores eram bem diferentes. Nunca haverá absoluta segurança", aponta Weber.

Segundo Hahn, há anos a escola Albertville oferece treinamento antiviolência em seu currículo, e gostaria de fazer mais nessa área, porém os professores já estão sobrecarregados.

A diretora prefere uma abordagem mista, que inclui educação social aos estudantes e medidas de segurança. Diferentemente da maioria das escolas na Alemanha, Albertville receberá 5,6 milhões de euros para reforma, inclusive um moderno sistema de alarme e portas com trava automática.

Segurança máxima

Muitos moradores de Winnenden questionam se o orçamento milionário poderia ter outro destino. "Você não pode deixar seus filhos em casa, trancados, para protegê-los. Mas tampouco pode reconstruir as escolas desde o fundamento", argumenta Sylke Glass-Etzel, líder da Associação de Pais das Escolas de Winnenden.

"Quando o custo é de 4 ou 6 milhões de euros, questiona-se se outras coisas não poderiam ser priorizadas, como um novo ginásio esportivo para as escolas da cidade, para que todas as crianças possam se exercitar."

Outra mãe, Sabine Kersten, diz ser contra escolas de alta segurança. "Temos que criar os nossos filhos como pessoas livres, mas se construirmos escolas com segurança máxima este nunca será o caso."

Para os que vivenciaram o ataque, por outro lado, essas medidas são pré-requisitos para o retorno às antigas instalações. A diretora Astrid Hahn admite: "Custa muito dinheiro. Precisamos estabelecer prioridades, porque a necessidade de segurança é válida".

A escola secundária Albertville deve voltar a seu prédio original em setembro de 2011.

Autores: D. Levitz / K. Jansen / N. Pontes
Revisão: Augusto Valente