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"Alemanha errou ao avaliar estratégia do EI"

10 de abril de 2016

Presidente da principal agência alemã de inteligência considera "muito grave" situação no país e alerta que "Estado Islâmico" busca novos adeptos entre o grande número de refugiados atualmente em solo alemão.

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Agentes de unidade especial antiterrorismo alemã
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Sohn

O presidente do Departamento Federal de Proteção da Constituição (BfV) da Alemanha, Hans-Georg Maassen, afirmou que as autoridades de segurança erraram ao avaliar as estratégias da organização terrorista "Estado Islâmico" (EI) de se infiltrar no país.

Em entrevista publicada neste domingo (10/04) pelo jornal Welt Am Sonntag, Maassen disse que os serviços de segurança alemães, inicialmente, achavam pouco provável que o EI se utilizaria do fluxo migratório de grande proporções para infiltrar terroristas em solo alemão.

"Pensávamos que os riscos eram altos demais para eles", disse Maassen. "Apesar deles não precisarem misturar seus adeptos entre os refugiados, eles o fizeram mesmo assim", disse, afirmando se tratar de uma "demonstração de força" por parte dos extremistas.

O presidente do BfV, Hans-Georg Maassen
O presidente do BfV, Hans-Georg Maassen, afirma que situação da segurança na Alemanha é "muito grave"Foto: picture-alliance/dpa/v. Jutrczenka

Em torno de 70% dos refugiados que chegaram ao país não possuem passaportes válidos e são registrados com base nas informações que eles mesmos fornecem.

"Pergunto-me se o BfV e nossos parceiros possuem, de fato, informações sobre indivíduos perigosos em nossos bancos de dados. É possível que não percebamos que eles estejam aqui, uma vez que entram com identidades falsas", alertou o chefe do departamento, que é responsável pela inteligência interna da Alemanha. Ele acrescentou que "ainda há muito o que aprender" sobre o modo de operar do EI.

Recrutamento em plena Alemanha

Os extremistas não apenas usam a crise de refugiados para se infiltrar no país, mas também agem para conseguir a adesão dos refugiados recém-chegados à Alemanha. Maassen disse que o BfV tomou conhecimento de cerca de trezentas tentativas, por parte de salafistas conservadores e outros grupos radicais, de recrutar requerentes de asilo.

"Em particular, me preocupa a situação dos menores desacompanhados – este é o grupo mais visado", afirmou. O diretor do BfV diz ver nessas tentativas de recrutamento um "enorme potencial para a radicalização".

Saques são fonte de renda do "Estado Islâmico"?

Há também diversos casos de envolvimento de alemães que retornaram da Síria em planos de ataque descobertos pelas autoridades. Segundo Maassen, o risco representado por esses jihadistas é bastante significativo.

Sobre os islamistas em solo alemão, Maassen disse que em torno de 1,1 mil são considerados de alto risco. Ele alertou que a situação da segurança é "muito grave", em referência a uma mensagem divulgada recentemente pelo EI que mencionava possíveis ataques no país.

Masssen, porém, acrescentou que "no momento, não temos conhecimento de nenhuma ameaça terrorista concreta na Alemanha".

RC/dpa/rtr