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Alemães: pouco ou nada flexíveis

(sv)25 de abril de 2004

Tanto uma pesquisa feita entre parlamentares quanto uma enquete online realizada entre a população demonstram que os alemães, embora cientes da necessidade de reformas no país, resistem a elas.

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Na Alemanha, o medo coletivo emperra "tratamento urgente"Foto: dpa

O fato de que o país precisa urgentemente de reformas é um dos poucos consensos. A tese é confirmada não só pelo cidadão comum nas ruas, como por políticos de primeiro, segundo e terceiro escalões. Introjetar os efeitos concretos destas reformas necessárias já são outros quinhentos. É aí que o alemão deixa entrever seu parco grau de flexibilidade.

Congestionamento de reformas

A maioria dos parlamentares vê claramente o “congestionamento” que emperra o desenrolar das reformas no país. A disposição em falar do assunto em público, no entanto, já não parece ser tão alta.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Forsa com 1300 deputados alemães mostrou que mais de 90% deles acreditam que tanto o sistema de saúde, quanto a rede de ensino, o mercado de trabalho e o sistema tributário precisam ser reformados no país.

O alcance dos problemas estruturais na Alemanha é tamanho, que metade dos parlamentares consultados chega a confessar: os políticos amenizam a gravidade dessas questões frente à opinião pública.

Muitos deles, claro, de olho nas urnas. Pois a disposição de encarar reformas, embora presente entre os cidadãos do país, é vista de outra forma quando as mudanças afetam o próprio bolso ou o próprio dia-a-dia.

Acuados pelo medo

“Se a necessidade de reformas é fato reconhecido pela grande maioria dos representantes populares, resta perguntar: por que isso não leva a ações concretas?”, questiona Hans Tietmeyer, presidente da Iniciativa para Política Econômica Social.

A resposta é dada pelo próprio: amarrados a seus partidos e medrosos de forma geral, os políticos alemães acabam dando mil voltas, sem chegar ao ponto. Há no país um “déficit de comunicação” em prol das reformas, resume Tietmeyer, que vê a solução em uma abertura maior da classe política frente à opinião pública.

As pesquisas realizadas mostraram até mesmo diferenças regionais entre os estados alemães, colocando Hessen como o mais “corajoso” em termos de reformas e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental como o mais preguiçoso ou resistente.

O problema geral, segundo Tietmeyer, está mesmo na falta de coragem: “Tanto medo não condiz com um país que passou pela reconstrução após a Segunda Guerra e viveu situações únicas, do ponto de vista histórico e econômico, depois da reunificação”.