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AI critica política de direitos humanos de Schröder

lk10 de dezembro de 2003

Organização de defesa dos direitos humanos acusa coalizão social-democrata e verde de priorizar interesses econômicos nas relações com grandes potências, deixando para trás os princípios que defende em teoria.

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Logotipo da Anistia Internacional

A seção alemã da Anistia Internacional (AI) censurou "o grande abismo" existente entre os princípios que o governo alemão defende em teoria e suas ações concretas, quando se trata dos direitos humanos. Por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos, que se comemora a 10 de dezembro, a secretária-geral da AI, Barbara Lochbihler, criticou sobretudo as atitudes do chanceler federal Gerhard Schröder em sua recente viagem à China.

O chefe de governo alemão defendeu em Pequim a revogação do embargo à compra de armas vigente contra aquele país e prometeu à nova liderança política chinesa empenhar-se pela venda do equipamento da fábrica de plutônio de Hanau, que pertence à Siemens e nunca chegou a funcionar na Alemanha. A iniciativa de Schröder deu origem a um grande conflito com seu parceiro de coalizão, o Partido Verde, ao qual se deve a decisão deste governo de renunciar à produção de energia atômica, com a desativação progressiva das usinas nucleares.

Para Lochbihler, a atitude do chefe de governo é um claro sinal de que os direitos humanos deixam de ter importância, na relação com grandes potências que sabidamente os ferem, "quando há interesses econômicos em jogo". A secretária-geral da AI citou ainda como exemplo o fato de o governo alemão não se posicionar frente à Rússia no que diz respeito ao conflito na Chechênia.

Entre ignorância e instrumentalização

"No momento, estamos vivendo em todo o mundo uma fase difícil para os direitos humanos", lamentou igualmente Heiner Bielefeldt, diretor do Instituto Alemão de Direitos Humanos, que promoveu juntamente com a AI uma coletiva de imprensa em Berlim por ocasião do 10 de dezembro. Por um lado, eles estão ameaçados de ser totalmente ignorados, diante da "primazia de um conceito bitolado de política de segurança". Ou, como fizeram os Estados Unidos e o Reino Unido no caso do Iraque, eles são instrumentalizados para servirem de justificativa para uma guerra.

População pouco sabe

Tanto a AI quanto o instituto dirigido por Bielefeldt constataram grandes falhas de informação por parte da população alemã com respeito aos direitos humanos. As pessoas atribuem a estes grande valor, mas pouco sabem a seu respeito. Apenas 4%, por exemplo, conhece o nome do documento em que eles estão alistados e estabelecidos, ou seja, a Declaração Geral dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, promulgada a 10 de dezembro de 1948.

A conscientização sobre os direitos políticos é até relativamente ampla, mas poucos sabem que há direitos estabelecidos também nos setores econômico, social e econômico. Apesar de uma taxa de desemprego de 10%, dois terços da população alemã não sabem que lhes cabe o direito ao trabalho e à proteção contra o desemprego.

Estes resultados, apontados por um estudo realizado junto a 2.017 pessoas pelas universidades de Leipzig e Marburg em cooperação com o Instituto Alemão de Direitos Humanos, motivaram um apelo de Lochbihler e Bielefeldt aos secretários estaduais de Educação: que os direitos humanos sejam incluídos entre os temas a ser lecionados obrigatoriamente nas escolas. Pois, como diz a secretária-geral da AI, "apenas quem conhece seus direitos é capaz de defendê-los".