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Afegãos assinam acordo de paz em Bonn

Estelina Farias6 de dezembro de 2001

As quatro delegações afegãs assinaram, em Bonn, um acordo para instalar, no Afeganistão, um governo interino, uma Loya Jirga, presidida pelo ex-rei Sahir Shah, e realizar eleições livres em 2004.

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Chefe de governo alemão, Gerhard Schröder (2º da esquerda, em pé), no encerramento da conferência sobre o Afeganistão.Foto: AP

Junto com a queda do regime radical islâmico, o Afeganistão ganhou, com o acordo firmado, em Bonn, nesta quarta-feira, um plano de reestruturação política e, finalmente, perspectiva de paz, após décadas de guerra civil. Depois de nove dias de negociações intensas, na casa de hóspedes oficiais da Alemanha, as quatro delegações afegãs assinaram um acordo que prevê a posse de um governo provisório em Cabul, no próximo dia 22, sob a chefia do líder moderado pachtun Hamid Karsai, de 44 anos de idade. Representando 40% da população afegã, os pachtuns constituem o maior grupo étnico do Afeganistão. Além disso, Karsai é respeitado pelos partidários do ex-rei exilado em Roma, Sahir Shah.

Pelo acordo, o antigo monarca está incumbido de convocar e abrir, no início de 2002, a grande assembléia - Loya Jirga – com 700 membros, que deverá confirmar a administração provisória para conduzir a fase de transição de 18 meses. Um segundo gabinete aprovado pela assembléia deverá, a seguir, fazer os preparativos para a primeira eleição parlamentar livre no Afeganistão, previstas para 2004.

Aliança do Norte

- O primeiro gabinete provisório terá 30 membros representando todas as etnias. Os ministérios-chave – Relações Exteriores, Interior e Defesa – estão destinados à Aliança do Norte, grupo de oposição armada que conquistou da milícia talibã a maior parte do território afegão, com a ajuda decisiva dos bombardeios dos Estados Unidos. Ainda terão de ser removidos muitos obstáculos e para isso a ONU quer enviar tropas multilaterais de paz, a fim de garantir o funcionamento do governo provisório. As Nações Unidas, que promoveram a conferência em Bonn, querem evitar a todo custo o grande perigo de um vácuo no poder. Na cerimônia de encerramento da conferência, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, prometeu destacar soldados para a tropa de boinas azuis. As delegações não decidiram em Bonn quais os países e com quantos soldados vão participar da tropa.

Loya Jirga

- Permanece também indefinida a composição da assembléia dos líderes mais idosos de tribos, chefiada pelo ex-rei Sahir Shah, cuja abertura iniciará o período de transição política no Afeganistão. A Loya Jirga tem, teoricamenbte, a possibilidade de eleger um novo chefe de governo, trocar ministros e até mudar todo o gabinete. É possível também que a primeira assembléia eleja um presidente e é esperado que essa Loya Jirga incumba uma comissão de elaborar um projeto de Constituição.

Bombardeios - O acordo de paz histórico entre os quatro grupos étnicos tornou-se possível depois que o líder da Aliança do Norte, Burhanudin Rabbani, se prontificou em deixar a Presidência em Cabul, que assumira depois que a oposição armada expulsou os talibãs da capital afegã. Na sexta-feira, estarão completando três meses os bombardeios dos Estados Unidos no Afeganistão, com a meta de destruir a organização Al Qaeda, do terrorista Osama bin Laden, e destituir o regime talibã, supostos responsáveis pelos atentados de 11 de setembro em Nova York e Washington.