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Direitos humanos

18 de agosto de 2010

Advogado de Sakineh Ashtiani, iraniana condenada em seu país a ser apedrejada por supostamente ter cometido adultério e assassinado o marido, pede em Berlim apoio na luta pelo respeito aos direitos humanos no Irã.

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Mohammad Mostafai (esq.), durante entrevista coletiva à imprensa na capital alemãFoto: DW

Mohammad Mostafai empenha-se há anos em prol de mulheres e jovens condenados à morte no Irã. Antes de fugir do país, ele conseguiu várias vezes fazer com que tais penas não fossem, de fato, aplicadas. No caso de Sakineh Ashtiani, sobre quem paira a ameaça de apedrejamento no país, o advogado Mostafai resolveu apelar para a opinião pública internacional.

Iran Sakineh Mohammadi-Aschtiani Todesurteil durch Steinigung wegen Ehebruchs verurteilt
Sakineh Ashtiani: risco de ser apedrejada sob acusação de ter cometido adultério e matado o maridoFoto: AP

Na terça-feira (17/08), ele concedeu entrevista à emissora britânica BBC sobre o destino de Ashtiani; nesta quarta (18/08), passou por Berlim, onde conclamou políticos e organizações de defesa dos direitos humanos a se empenharem em defesa de sua cliente.

Mostafai foi convidado a visitar a capital alemã pela organização Cinema for Peace Foundation (Fundação do Cinema pela Paz), que reúne atores e outros profissionais da área cinematográfica na luta pelos direitos humanos no mundo.

"Sakineh Ashtiani simboliza a necessidade de chamar a atenção internacional para essa problemática. Na sociedade iraniana, especialmente na Justiça do país, as mulheres não contam com nenhum apoio. É preciso chamar atenção para isso", afirmou o advogado Mostafai.

O governo brasileiro ofereceu asilo à iraniana, mas a oferta foi revidada por Teerã, que acusa o Ocidente de estar usando o caso para abalar as relações entre o Brasil e o Irã.

Demonstração de poder

Markus Löning, Menschenrechtsbeauftragter der Bundesregierung
Markus Löning, encarregado do governo para questões de direitos humanosFoto: picture-alliance/dpa

Markus Löning, encarregado do governo alemão para questões relacionadas aos direitos humanos, elogiou abertamente o empenho do advogado Mostafai, ao afirmar "o mais alto respeito à coragem" do mesmo. "Gostaria ainda de entender isso como um sinal a todos aqueles que se empenham em prol dos direitos humanos, que continuam seus trabalhos no Irã sob condições dificílimas e que lutam por uma melhoria das condições no país".

Também a porta-voz de política externa do Partido Verde, Kerstin Müller, apontou o comportamento do governo iraniano na questão como uma "demonstração de poder" de Teerã.

"Os mulás iranianos querem, de um lado, mostrar à comunidade internacional que podem pisar nos direitos humanos universais sem arcar com quaisquer consequências. Acredito que esse caso tenha se transformado também em uma demonstração interna de poder, para mostrar à oposição iraniana, através da arbitrariedade e do amedrontamento, as ameaças que podem pesar sobre ela", observa Müller.

Fim da pena de morte em todo o mundo

Bianca Jagger
Bianca Jagger: empenho pelos direitos humanosFoto: AP

A atriz Bianca Jagger viajou a Berlim especialmente para dar apoio ao caso Ashtiani. Jagger empenha-se há mais de 30 anos em prol do respeito aos direitos humanos em todo o mundo. "É importante lembrar de uma coisa: se falamos sobre o fim da pena de morte, então deveríamos falar sobre a abolição em todo o mundo e não somente no Irã e na China, mas também nos Estados Unidos", disse Jagger.

A atriz procurou deixar claro que não se trata apenas de acabar com o método especialmente desumano do apedrejamento, mas sim com qualquer forma de pena de morte.

"A pena de morte não é justificável por nada", concluiu Markus Löning, em um apelo direto ao presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, sob fortes aplausos dos presentes à cerimônia em Berlim.

Autor: Marcel Fürstenau (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque

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