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Love Parade

29 de julho de 2010

Políticos, polícia e organizadores trocam acusações e descartam responsabilidade pela tragédia que resultou na morte de 21 pessoas. Cresce pressão sobre o prefeito de Duisburg, que volta a rejeitar renúncia.

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Manifestantes diante da prefeitura de Duisburg empunham cartazes onde se lê 'capitalismo mata' e 'farsa'Foto: AP

O jogo de empurra-empurra entre autoridades e organizadores continua, passados cinco dias da tragédia na Love Parade de Duisburg, a qual resultou na morte de 21 pessoas, entre 18 e 38 anos de idade, sendo que 25 pessoas continuam hospitalizadas.

Ninguém quer assumir a responsabilidade pelo ocorrido. Cresce, porém, a pressão sobre o prefeito de Duisburg, Adolf Sauerland. Nesta quinta-feira (29/07), uma manifestação em frente à prefeitura reuniu cerca de 250 pessoas. Elas pediram a renúncia do governante.

O secretário do Interior da Renânia do Norte-Vestfália, Ralf Jäger, disse nesta quinta-feira à emissora ZDF que existe uma "responsabilidade político-moral" no caso e que Sauerland "faria bem" em responder o quanto antes a questão referente à sua responsabilidade moral na tragédia.

Trauer Fans MSV Duisburg nach Loveparade Flash-Galerie
Torcedores do clube de futebol MSV Duisburg solidarizaram-se com as vítimas: 'Estamos de luto'Foto: picture alliance/dpa

Também a governadora do Estado, Hannelore Kraft, atacou Sauerland. "O prefeito de Duisburg e os responsáveis no comando da cidade terão afinal que se confrontar com a responsabilidade política [no caso]", declarou ao jornal Rheinische Post.

Para Kraft, Sauerland acredita que, ao assumir a responsabilidade política, ele também assumiria ser culpado pela tragédia. "Essa relação não existe", afirmou a governadora.

Em entrevista ao jornal Bild, o prefeito voltou a descartar a renúncia. Ele negou ter assinado a autorização para que o evento ocorresse. "Essa nem é uma tarefa do prefeito", declarou, acrescentando que o documento foi assinado "por um de nossos melhores colegas".

Troca de acusações

Também a administração pública da cidade de Duisburg nega ser responsável pelo ocorrido. "A área do túnel faz parte do espaço público, externo à área do evento. A segurança em áreas públicas é responsabilidade da polícia", disse o chefe do departamento de obras, Jürgen Dressler, ao Rheinische Post.

Adolf Sauerland
Prefeito Adolf SauerlandFoto: picture-alliance/ dpa

Além disso, ele acusou a polícia de ter bloqueado vias de escape da Love Parade. Foi o departamento de Dressler que autorizou a realização do festival na antiga estação ferroviária de Duisburg.

As declarações dele são uma resposta às acusações feitas na quarta-feira por Jäger e pelo inspetor de polícia Dieter Wehe, durante a apresentação de um relatório preliminar sobre o caso. Para eles, os organizadores são os únicos responsáveis pela tragédia. A tarefa da polícia teria sido apenas garantir a segurança fora da área do evento. A polícia evitou que a tragédia fosse ainda maior, disse Jäger.

Relatório preliminar

Jäger acusou a empresa Lopavent, organizadora da Love Parade, de não cumprir o plano de segurança por ela apresentado. Wehe destacou que os organizadores abriram o local da festa por volta das 12h, e não às 10h ou no máximo às 11h, como combinado.

Pressekonferenz Loveparade Massenpanik Duisburg
Detlef von Schmeling (e), da polícia de Duisburg, e Rainer Schaller (d), organizador da Love ParadeFoto: AP

Quando o acesso foi liberado, já havia cerca de 20 mil pessoas do lado de fora, em parte impacientes e agressivas, relatou Wehe. Pelo túnel de acesso ao festival podem passar no máximo 30 mil pessoas por hora. Porém muitos participantes ficaram parados no local para assistir a um desfile de carros de som, o que contribuiu para o congestionamento.

Às 15h30 a polícia recebeu um pedido de ajuda da empresa organizadora. Quinze minutos depois, esta teria ordenado seus funcionários a bloquear o acesso ao túnel que conduzia à entrada. As ordens não teriam sido cumpridas, diz Wehe.

Segundo ele, não havia funcionários de segurança suficientes para orientar os visitantes. Ele também disse não ter certeza se havia, de fato, os 150 seguranças prometidos. O presidente da Lopavent, Rainer Schaller, reagiu com cautela às acusações e disse que elas devem ser averiguadas pela promotoria pública.

AS/dpa/rtr/afp

Revisão: Roselaine Wandscheer