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Acidentes de trânsito matam mais de 1 milhão por ano

19 de outubro de 2015

Cerca de 90% das mortes em acidentes de trânsito no mundo ocorrem em países pobres e emergentes, embora apenas 54% de todos os veículos encontrem-se neles. Nação mais segura para dirigir é a Suécia.

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Verkehrstote in Deutschland Symbolbild
Foto: picture-alliance/dpa

Desde 2007, 1,25 milhão de pessoas ao redor do mundo morreram, por ano, em acidentes no trânsito. O levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) foi divulgado nesta segunda-feira (19/10) em Genebra e considerou 180 países, somando 6,97 bilhões de pessoas.

Embora as previsões anteriores de um aumento geral no número de mortes em acidentes não tenham se comprovado, o problema ainda é grave nos países mais pobres.

Cerca de 85% das mortes em acidentes de trânsito no mundo ocorrem em países emergentes ou pobres, embora apenas 54% de todos os veículos encontrem-se nesses locais. A África continua a ser a região com a maior taxa de morte nas vias, enquanto a Europa tem a menor.

"Os danos de acidentes de trânsito fatais são inaceitavelmente elevados, sobretudo para pessoas pobres em países pobres", disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

A discrepância entre nações ricas e pobres é evidente nas estatísticas. Em 2013, em um país altamente motorizado como a Alemanha, o número de mortes foi de 4,3 a cada 100 mil habitantes. Na Libéria, a cifra salta para 33,7 — foram quase oito vezes mais mortes, embora muito menos pessoas no país africano tenham poder aquisitivo para comprar um carro.

Pedestres, ciclistas e motociclistas são os mais vulneráveis, de acordo com a OMS — eles respondem por metade de todas as mortes. Chan critica que, ainda assim, em muitos lugares, apenas as necessidades dos carros são consideradas para a construção das vias.

Índice de morte no trânsito na Libéria é quase oito vezes maior que na Alemanha
Índice de morte no trânsito na Libéria é quase oito vezes maior que na AlemanhaFoto: DW/J. Kanubah

Um exemplo de iniciativa positiva é a implementação das zonas chamadas Tempo 30 em Freiburg, na Alemanha. A estratégia de limitar a velocidade máxima a 30 km/h levou a que apenas 28% das pessoas usassem carros para transitar no centro da cidade, contra 24% a pé, 28% de bicicleta e 20% de transporte público.

Regras rigorosas

Em 79 países, embora a quantidade de carros e motos tenha aumentado, o número de mortes no trânsito caiu. Em outros 68 — a maioria países subdesenvolvidos ou emergentes — os acidentes aumentaram. Nesses lugares, diz o relatório, é preciso que as normas de segurança sejam cumpridas.

As nações que impuseram regras de trânsito rigorosas e investiram na segurança tanto nas estradas quanto nos veículos foram as que demonstraram maior sucesso na redução de acidentes.

Em 105 países, é obrigatório o uso de cinto de segurança por todos os ocupantes do carro. Em 47, o limite de velocidade é de 50 quilômetros por hora em áreas residenciais. Leis sobre o consumo de álcool existem em 34 países. Em 44, há regras sobre o uso de capacete para motociclistas, e, em 54, sobre a cadeirinha de crianças nos veículos.

"Graças a leis mais rigorosas e a uma infraestrutura melhor, quase meio bilhão de pessoas estão mais bem protegidas de acidentes de trânsito do que há alguns anos atrás", disse o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, cuja empresa de mídia apoiou o financiamento do estudo. Mas, para ele, ainda há muito a ser feito para melhorar a segurança viária. "Cada vida humana perdida em um acidente de trânsito é uma tragédia que poderia ter sido evitada."

Vítimas brasileiras

No Brasil, em 2012 — dado mais recente do relatório — foram mais de 22 mortes (a cada 100 mil habitantes) em acidentes de trânsito. O índice de fatalidade é maior entre os motociclistas (28%). Depois, vêm os pedestres (20%) e os passageiros de carros de passeio (18%). Os ciclistas representavam 3% das mortes em trânsito.

No Brasil, as maiores vítimas são os motociclistas
No Brasil, as maiores vítimas são os motociclistasFoto: picture alliance / Agencia Estad

O relatório aponta que o Brasil tem boas leis que orientam sobre o consumo de bebida alcoólica, o uso de capacetes e cintos de segurança e a instalação de cadeirinhas para o transporte de crianças. Falta ainda, porém, uma legislação rigorosa em relação aos limites de velocidade.

Países europeus

Nas ruas da Alemanha, o número de mortes diminuiu 16% desde 2011, como apontou recentemente um relatório do Ministério dos Transportes que analisou os efeitos do Programa de Segurança no Trânsito de 2011. O objetivo é reduzir o número de vítimas em 40% até 2020.

De acordo com os pesquisadores, a engenharia automotiva contribuiu significativamente para a queda no número de mortes nas vias.

Em 2011, 4.009 pessoas morreram em acidentes na Alemanha. O menor índice foi atingido em 2013, quando foram registradas 3.339 mortes no trânsito. No ano passado, os números subiram ligeiramente, para 3.377, e a estimativa é que o primeiro semestre de 2015 também tenha registrado alta.

De acordo com o estudo da OMS, os países europeus mais seguros são Suécia (2,4 mortes por 100 mil habitantes), Suíça (3,3), Dinamarca (3,4) e Espanha (3,7). A Alemanha tem taxa de 4,3, seguida por França (5,1), Áustria (5,4), Itália (6,1), Grécia (9,1) e Polônia (10,3). Na China, o índice foi de 18,8, e, nos Estados Unidos, de 10,6.

AF/dpa/ots