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A menos de 50 dias da Copa, aeroporto de Brasília segue em obras

Ericka de Sá, de Brasília25 de abril de 2014

Maior centro de distribuição de voos do país recebe 45 mil passageiros por dia, e promessa é que reformas estejam concluídas até 26 de maio, a poucos dias do Mundial. Passageiros tentam se adaptar às mudanças.

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Foto: DW/E. de Sá

Cheiro de tinta, barulho de máquinas, paredes provisórias e operários transitando entre os passageiros. Essa ainda é a situação de partes do Aeroporto Internacional de Brasília a menos de dois meses da Copa do Mundo. Com 93% das obras concluídas, segundo os dados oficiais, passageiros estão tendo que se adaptar às mudanças em meio às reformas.

Na última semana, uma nova sala de embarque (chamada Píer Sul) com dez novas portas foi inaugurada no terminal, após um ano e quatro meses de obras. Outra estrutura de embarque – com oito novas portas – será inaugurada em maio. Mas as melhorias não convencem, ainda, a todos os passageiros.

"Tive oportunidade de descer no terminal novo, mas há pouca informação, poucas placas informativas", disse a servidora pública Jacinta Medeiros, de 31 anos, moradora da capital, ao desembarcar de volta na cidade.

O aeroporto de Brasília é o maior hub doméstico – centro de distribuição de voos – do país. Em 2013, o terminal recebeu uma média de 45 mil passageiros por dia, 44,2% deles em conexão.

A Inframerica – detentora da concessão dos aeroportos de Brasília e de Natal (RN) – prevê investimentos de 900 milhões de reais até a Copa do Mundo. Segundo a administradora, o aeroporto será capaz de atender 21 milhões de passageiros ao final de 2014 – 5 milhões a mais que a cifra atual.

“Construir novos terminais e reformar o aeroporto em um espaço de tempo tão curto e com o aeroporto em plena operação foi uma tarefa complexa e desafiadora”, declarou o presidente do Conselho da Inframerica, na ocasião da entrega da obra.

Aumento no fluxo

No último grande feriado, durante a páscoa, o fluxo de passageiros registrou aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. Para a Copa, a Inframerica diz não ter como medir, ainda, qual será o aumento da demanda, já que dependeria de informações das companhias aéreas, que ainda não esgotaram a venda de passagens para o período.

Baustelle am Brasília-Flughafen
Do lado de fora do aeroporto, ainda é possível ver canteiros de obrasFoto: DW/E. de Sá

A estimativa da Agência Nacional de Aviação Civil, com base nas passagens vendidas até o momento, é de que o fluxo de passageiros aumente ao menos 10% nos aeroportos do país durante a competição. Para atender a demanda, os aeroportos estão correndo com as obras.

Em Brasília, o embarque e o desembarque – incluindo as salas de espera e o acesso dos veículos – geram críticas dos usuários. O local de passagem de veículos no desembarque, por exemplo, ainda está passando por alterações. As obras nas vias de acesso ao embarque foram entregues na última semana.

Píer novo, problemas antigos

O analista de sistemas Marcelo Moreno, de 32 anos, viaja a Brasília constantemente por causa do trabalho e considera que o aeroporto está melhorando. "Banheiros estão mais acessíveis, lá dentro tem bastante quiosque e há ainda as esteiras para andar", avalia.

Apesar das mudanças, alguns passageiros ainda reclamam da qualidade do terminal e dos serviços. "É um aeroporto que pelo menos agora está muito bagunçado, a informação está muito cruzada, claro que não podemos exigir demais porque está em obras. Mas é um aeroporto pequeno", pondera o designer gráfico Marcelo Terraza, de 53 anos, enquanto esperava pela chegada da mulher no desembarque.

A funcionária pública Jacinta Medeiros espera que o novo píer diminua o tempo de espera em solo, em horários de pico no aeroporto: "Antes a gente passava muito tempo esperando liberar pista para avião decolar ou pousar, agora tem mais terminal." Mas ainda há problemas, segundo ela, na variedade e no preço dos serviços. "São sempre os mesmos e são muito caros, muitíssimo caros. Em comparação até com outros aeroportos, aqui tem muito pouca opção."

Baustelle am Brasília-Flughafen
Segundo governo, 93% das obras estão concluídas, e aeroporto estará pronto a tempo para a CopaFoto: DW/E. de Sá

Sobre o andamento das obras até a Copa, a servidora teme que tudo não fique pronto: "Acho que vai ser a velha ‘tapeada' mesmo. Eles vão fazer o que mais chama atenção, mas funcionalmente não vai não. Temos aí 50 dias, não tem como ficar pronto."

De acordo com a Inframerica, até maio serão entregues outras obras, além do Píer Norte: ampliação do pátio de aeronaves, construção de banheiros, balcões de check-in, ampliação da oferta de restaurantes no embarque e novas esteiras para devolução de bagagem.

Plano de ação para Copa

Como intuito de centralizar o fluxo de passageiros nos 90 aeroportos envolvidos no Mundial, o governo federal lançou o chamado Plano de Operação do Setor da Aviação Civil para a Copa do Mundo, que será coordenado pela Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias.

O plano estará em ação entre 6 de junho e 20 de julho e a promessa é que não haverá alterações nos horários dos voos comerciais. Apenas os aviões executivos (jatos particulares, por exemplo), terão operações condicionadas à disponibilidade de espaço para pouso.

Entre as ações do plano, estão: aumento em 123% do espaço para aeronaves estacionadas nos pátios, aumento de 209% no número de funcionários dos órgãos públicos (alfândega, segurança, profissionais de saúde, etc.), e a realização de simulações, até 26 de maio, nos terminais que receberão delegações e autoridades.

"Se identificarmos algo errado, ainda teremos tempo de ajustar tudo antes do início da Copa do Mundo", disse o diretor de gestão aeroportuária da SAC, Paulo Henrique Possas, na ocasião de lançamento do plano, em Brasília.