Helgoland
19 de setembro de 2008A ilha de Helgoland é a única parte do território alemão em alto-mar, já que todas as outras possessões marítimas alemãs estão próximas o suficiente da costa para serem avistadas. Mas uma das características da ilha de 1,7 km2 pode estar prestes a mudar. Após uma tempestade em 1720, que destruiu muitas dunas de areia do local, 1,25 quilômetros quadrados desapareceram e Helgoland foi dividida em duas partes. Agora, um empresário de Hamburgo quer uni-las novamente.
Arne Weber planeja um investimento de até 80 milhões de euros para dragar areia durante um ano e aterrar o espaço existente entre as duas partes da ilha. Na nova área, que deve medir um quilômetro quadrado, a idéia é construir apartamentos, hotéis e uma praia. A parte aterrada seria protegida de tempestades e dos efeitos do aquecimento global através de barragens de metal.
O secretário de Economia do estado de Schleswig-Holstein disse que o projeto é ousado, mas viável, e acredita-se que forças políticas estaduais e do governo federal devam encampar a idéia.
Fomento ao turismo
Apesar de já ter sido um destino relevante, Helgoland abriga somente um pacato resort, e o local está longe de ser um ponto turístico de destaque. O fluxo de turistas alemães diminuiu pela metade desde os anos 1970, quando 800 mil visitavam a ilha por ano.
Antes de os alemães irem de avião a praias em vários locais do mundo, a viagem até a ilha era considerada quase como uma exótica aventura, e muitos ainda guardam boas lembranças do local.
Cercada por mar aberto, a ilha tem um clima mais ameno do que o continente durante o inverno e, apesar de não ter muitas atrações convencionais, a natureza, tranqüilidade e espaço aberto são seus pontos fortes.
A viagem até Helgoland se assemelha a um cruzeiro, só que mais curto e tranqüilo, apesar de o trajeto poder tornar-se mais difícil se houver ventos fortes no Mar do Norte. A obra de dragagem, aterramento e construção de praias e hotéis poderia reacender o apelo turístico do local.
História conturbada
A ilha foi uma possessão britânica de 1807 a 1890, e após este período tornou-se uma importante base alemã de submarinos durante as duas guerras mundiais. No século 19, ansiosa para retomar a possessão, a Alemanha deu carta branca ao Reino Unido para tomar o sultanato de Zanzibar, no Leste Africano, em troca de reaver Helgoland.
Em 1947, numa explosão descrita na época como a maior detonação não nuclear da história, o Reino Unido destruiu as docas dos submarinos. Apesar de ter danificado muitos pontos do local, o ataque não aumentou o espaço entre as duas metades de Helgoland.
Futuro
O prefeito da ilha, Frank Botter, disse que os 1.500 moradores ainda não estão seguros do que pensam a respeito do plano. Alguns acreditam tratar-se de uma loucura, outros consideram que as obras poderiam trazer novas esperanças à região, atualmente em situação de estagnação econômica .
De acordo com a secretaria de Obras de Helgoland, o projeto continua em apreciação e grupos de trabalho estão sendo montados para analisar as implicações para a comunidade e a ilha.