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Ação da Deutsche Telekom tem queda recorde

(ns)14 de junho de 2002

Num dia negro na bolsa de Frankfurt, o índice do Mercado Novo teve nova queda recorde. A ação da Telekom foi negociada por menos de 10 euros. A perda para quem comprou na fase de alta chega a mais de 90%.

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Acionistas na última assembléia da Telekom, em ColôniaFoto: AP

A queda das bolsas de Nova York a Tóquio não passou pela Alemanha sem deixar marcas. A Bolsa de Frankfurt viveu hoje (14) uma "sexta-feira negra". A baixa recorde da ação da Deutsche Telekom, que caiu para menos de 10 euros, e a queda dos índices provocaram um clima de pânico. "E parece que não atingimos ainda a última fase da liquidação", comentou um analista.

Queda maior do que a de 11 de setembro

- O DAX, índice das 30 principais ações alemãs, caíra mais de 4% até as 16 horas (4.286 pontos). O Nemax-50, índice do Mercado Novo, que não para de cair, atingiu hoje uma nova baixa recorde. Ao desvalorizar-se 6,4%, chegou a 633 pontos, superando até a grande queda em 11 de setembro passado, quando chegara a 641 pontos.

Fato é que os índices em Frankfurt estão em baixa há várias semanas, o que revela a crise de confiança dos investidores. Um porta-voz da Deutsche Telekom atribuiu a queda da ação, que agora custa 30% menos do que em seu lançamento na bolsa, em 1996, ao "profundo pessimismo que reina no mercado".

Crise das telecomunicações

- Além do mais, todos os valores de telecomunicações estão em crise, pois as operadoras se endividaram em sua expansão e ao adquirir as custosas licenças de telefonia móvel UMTS para os celulares da próxima geração. Nesta sexta-feira, também as ações da gigante britânica Vodafone, da France Télécom e da Telefónica espanhola tiveram quedas recordes, o que, contudo, não serve de consolo aos acionistas da Deutsche Telekom.

A T-Aktie, como é chamada a ação da maior operadora alemã de telefonia, perdeu mais de 90% do seu valor em relação à cotação recorde que atingiu em março de 2000, quando valia 104 euros. Quem comprou ações por 65 euros, em meados de 2000, na terceira fase da privatização, perdeu 85% do seu capital.

Culpa do mercado e dos especuladores

- O presidente da Telekom, Ron Sommer, não se cansa de repetir, até mesmo numa sexta-feira negra como esta, que a ação está "notoriamente abaixo de seu valor". Para Sommer, os motivos da baixa não estão na empresa: "Não há nenhuma razão para a baixa na própria empresa, o mercado é que está ruim", diz o executivo, no que, excepcionalmente, concordam os analistas. "Nas últimas três semanas não houve nenhuma notícia da Telekom que justificasse tal queda na cotação", diz Ralf Hallmann, da Sociedade de Bancos de Berlim.

A culpa, segundo ele, é da especulação, mais especificamente dos chamados hedge-fonds. Esses fundos realizam transações de alto risco, emprestando ações que não possuem, para vendê-las posteriormente numa determinada data, a preço pré-fixado. Tal especulação gira em torno da expectativa de queda de uma ação, do contrário não resultaria em lucro para o especulador. Segundo indicam corretores da bolsa de Frankfurt, alguns fundos resolveram se lançar sobre a ação da Deutsche Telekom, uma vez que ela dificilmente se valorizará nas próximas semanas.

Bola de cristal

- Quem especula dessa forma, oferecendo ações a um preço inferior ao de mercado, acaba fortalecendo a tendência de queda da cotação - pelo menos é o que reza um ditado da bolsa, revelando o efeito psicológico desse tipo de transação.

Naturalmente, tais especuladores terão que comprar ações em algum momento para efetuar a venda já acertada, o que poderá, pelo menos teoricamente, desencadear uma tendência de valorização da T-Aktie. No entanto, como só há incertezas nos mercados financeiros no momento, mais vale consultar as estrelas ou uma bola de cristal para saber o que o futuro reserva à ação da gigante alemã das telecomunicações.