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1962: Criada a Ação Agrária Alemã

Gerda GerickePublicado 14 de dezembro de 2014Última atualização 14 de dezembro de 2020

Por sugestão da ONU, presidente alemão Heinrich Lübke criou a Ação Agrária Alemã em 14 de dezembro de 1962. Desde então, a ONG de ajuda ao desenvolvimento mobiliza recursos do setor privado alemão contra a fome no mundo.

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Crianças no Afeganistão
ONG já apoiou milhares de projetos em mais de 70 paísesFoto: picture alliance/dpa/Hannibal Hanschke

Bernd Dreesmann, que foi secretário-geral da Ação Agrária Alemã (nome em alemão: Welthungerhilfe) durante muito tempo, lembra o dia 14 de dezembro de 1962: "Tudo começou quando o presidente alemão Heinrich Lübke reuniu-se com a chamada Comissão Alemã de Luta contra a Fome para a criação solene de uma instituição de ajuda contra a fome no mundo".

A reunião atendia a uma sugestão da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação –, para que fossem criados comitês nacionais da campanha mundial contra a fome. Naquela época, as Nações Unidas haviam chegado à conclusão de que também o setor privado deveria ser mobilizado, ao lado das ajudas estatais.

Hoje, a Ação Agrária Alemã está entre as maiores e mais importantes organizações não governamentais de cooperação para o desenvolvimento. A instituição é dirigida por diretores honoríficos e tem como patrono o presidente da Alemanha. Bernd Dreesmann acha que a fundação da Ação Agrária Alemã foi um ato condizente com o cenário político do início da década de 60.

"Depois de 1945, houve na Alemanha o milagre econômico. Além disso, houve uma grande reforma da aposentadoria na Alemanha no final dos anos 50. Foi dada assim, também aos mais velhos, uma base econômica e social segura para uma completa participação no milagre econômico. E estas foram as condições prévias para que os alemães, depois de arrumarem a própria casa, por assim dizer, olhassem também para fora e começassem a cuidar do chamado Terceiro Mundo", explica.

Idealismo e ingenuidade

O início da cooperação alemã para o desenvolvimento foi marcada por idealismo e ingenuidade, por uma grande boa vontade e pouco conhecimento de causa.

Dreesmann: "Quando se lê os relatórios daqueles anos, quando se recapitula os discursos, nota-se que sempre se buscava uma comparação com o Plano Marshall. Deveria ocorrer no Terceiro Mundo o que aconteceu aqui. Deveria haver uma injeção financeira, talvez também um pouco de assessoria técnica e, então, aconteceria no Congo, no Brasil ou na Índia um milagre econômico, como o que ocorreu entre nós."

Ainda não havia nascido a ideia da "ajuda para a autoajuda". Os envolvidos na questão tiveram de adquirir experiência pouco a pouco. Não havia de fornecer aos famintos arroz e pão para alguns dias, mas sim de capacitá-los para que pudessem ganhar duradouramente o sustento para si e suas famílias.

A organização criada em 14 de dezembro de 1962 deveria dedicar-se sobretudo a combater "a fome da vida inteira", segundo reivindicou o ex-presidente alemão Richard von Weizsäcker: " Às vezes, tomamos conhecimento de catástrofes agudas de fome, provocadas por guerras civis, secas ou inundações. Mas quase não percebemos a subnutrição crônica. E ela é ainda pior."

Danos causados ao Terceiro Mundo

Desde sua criação, foram fomentados milhares de projetos de autoajuda, iniciativas em prol de crianças e jovens e programas de ajuda de emergência em mais de 70 países. Mas apenas dinheiro não é suficiente para a solução dos problemas.

"Não adianta ignorar o fato, quando existe corrupção num país, quando a administração conduz à malversação dos recursos, ao desperdício das ajudas recebidas. Há que denunciar sempre, quando verbas excessivas são gastas em armamentos, em guerras e em medidas de segurança", diz Bernd Dreesmann.

"Ao mesmo tempo, é preciso que cresça nos países industrializados a consciência de que a cooperação para o desenvolvimento não é nenhum gesto nobre, mas sim uma constante indenização pelos danos causados às pessoas do Hemisfério Sul", adverte Dreesmann.

"Durante muito tempo, fomentamos grandes projetos, sempre em benefício da nossa própria indústria. Nós desenvolvemos uma política agrária europeia que provoca enormes danos a muitas pessoas no Terceiro Mundo."