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HistóriaHungria

1956: Rebelião popular na Hungria

Publicado 23 de outubro de 2014Última atualização 23 de outubro de 2017

Em 23 de outubro de 1956 irrompeu na Hungria a rebelião popular contra o regime stalinista. O reformista Imre Nagy tornou-se primeiro-ministro, iniciou mudanças no país e anunciou a retirada do Pacto de Varsóvia.

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Integrantes do protesto que levou à rebelião na Hungria (d.) passam por tanque soviético no centro de Budapeste
A rebelião na Hungria em 1956Foto: Picture-Alliance

No início de 1956, o presidente soviético Nikita Khruchov havia condenado os métodos da era Stalin, reaquecendo as esperanças de mais autonomia nos países-satélites. Em solidariedade aos trabalhadores poloneses que protestavam nas ruas, os universitários húngaros derrubaram uma estátua de Josef Stalin, numa manifestação em 23 de outubro. O protesto estudantil culminou em rebelião popular contra o domínio soviético.

Até partes das Forças Armadas e da polícia húngara participaram dos violentos protestos. Cem mil manifestantes invadiram a central do Partido Comunista, exigindo eleições livres e o fim do stalinismo. Até aí, as tropas soviéticas estacionadas em Budapeste apenas observavam os acontecimentos.

Retorno do reformista Imre Nagy

Por simbolizar "um novo rumo" do socialismo em Budapeste, o reformista Imre Nagy – que já fora primeiro-ministro de 1953 a 1955 – foi pouco a pouco conquistando o controle da população rebelada, assumindo novamente a chefia do governo.

No começo de novembro, Nagy abriu as fronteiras, introduziu o pluripartidarismo, extinguiu a censura e anunciou a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia, a aliança militar dos comunistas durante a Guerra Fria. Nesse momento, as tropas da repressão soviética já estavam a caminho de Budapeste. Moscou de forma nenhuma toleraria a escapada de um de seus satélites.

János Kádár, primeiro-secretário do Partido Comunista e membro do gabinete de Nagy, revogou os poderes do primeiro-ministro e começou a negociar com Moscou. A resistência contra o Exército Vermelho durou dois dias e custou a vida de 3 mil pessoas. Em vão, Nagy invocou o apoio das Nações Unidas, mas a comunidade internacional estava então voltada para a crise no Canal de Suez.

No dia 7 de novembro, Kádár retornou a Budapeste como novo chefe de governo. Nagy e alguns assessores e ministros refugiaram-se na embaixada da então Iugoslávia, onde passaram três semanas cercados por tanques soviéticos. Eles só deixaram a embaixada porque Kádár lhes prometeu impunidade. Promessa falsa, porque Nagy foi preso pelo KGB e deportado para a Romênia por negar-se a renunciar ao cargo que ocupava em Budapeste.

Reabilitação tardia de Nagy

Num processo sumário, ele e alguns ministros foram condenados e executados em 16 de junho de 1958. Para que ninguém o venerasse na sepultura, ele e outras 2 mil pessoas foram enterrados em vala comum. Imre Nagy só foi reabilitado e sepultado numa cerimônia oficial em 1989, após o fim do regime Kádár.

O longo governo de Kádár trouxe estabilidade e crescimento à Hungria. A liberalização da economia a tornou precursora da Perestroika, o programa de reformas adotado em meados dos anos 1980 pelo presidente soviético Mikhail Gorbatchov.