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História

3 de fevereiro de 1947

Claus-Dieter Gersch

Em 3 de fevereiro de 1947, reuniu-se a União Democrata Cristã da zona alemã ocupada pelos britânicos. Criado dois anos antes, o partido aprovou seu primeiro programa, conhecido pelo nome da cidade onde foi discutido.

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** ARCHIV ** Ein Archivbild vom 9. September 1957 zeigt Bundeskanzler Dr. Konrad Adenauer im Palais Schaumburg in Bonn. Konrad Adenauer ist nach Ansicht der Deutschen der Beste aus ihrer Mitte. Das hat das Finale der ZDF-Show 'Unsere Besten' am Freitagabend, 28. November 2003, ergeben. Die Mehrheir der Zuschauer waehlte den ersten Kanzler der Bundesrepublik auf den Spitzenplatz, vor den Reformer Martin Luther und den Philosophen und Autor des 'Kommunistischen Manifests', Karl Marx. (AP-Photo/Bought)
Konrad Adenauer, primeiro chanceler federal do pós-guerra e ex-presidente da CDUFoto: AP

Um dia frio do inverno europeu de 1947, a Alemanha destruída, dividida em zonas ocupadas pelas tropas aliadas: neste cenário, na cidade de Ahlen, aconteceu o encontro dos democrata-cristãos para definir o programa do partido.

O local escolhido foi um antigo pensionato feminino, que servira de enfermaria durante a guerra e só não fora destruído porque a poucas semanas do fim do conflito seu proprietário se rendeu às tropas americanas.

Hans Katzer, que durante muitos anos presidiu a comissão de questões sociais da União Democrata Cristã (CDU) – partido da chanceler Angela Merkel –, lamentava mais tarde que não se valorizasse mais tanto o aspecto "cristão" do nome do partido. Ele lembrava que, naquela época, o nome foi uma resposta à profunda imoralidade do nazismo. "Meu pai sempre dizia: a necessidade ensina a rezar", conta Katzer.

Reordenação desde os fundamentos era a meta

O programa aprovado tinha características socialistas e defendia, por exemplo, a estatização dos setores mais importantes da indústria e era contra a concentração do poder econômico.

Logo no início do programa da CDU lê-se: "O sistema econômico capitalista não fez justiça aos interesses governamentais e sociais do povo alemão. Depois do terrível colapso político, econômico e social em consequência de uma criminosa política de poder, só pode seguir-se uma reordenação desde os fundamentos".

Tinha que ser eliminado o monopólio da mineração e das indústrias de base, que no Terceiro Reich se tornaram herméticas e incontroláveis. Era preciso acabar com a influência dos bancos sobre a indústria, para que o poder econômico e político não ficasse nas mãos de alguns poucos. A economia tinha que atender aos interesses dos cidadãos. A referência para toda a economia tinha que ser o reconhecimento da individualidade.

Contra concentração econômica e política

Literalmente, os democrata-cristãos exigiam em seu programa de 1947: "Conglomerados e instituições econômicas semelhantes devem ser desmembrados em empresas isoladas. Para isso, precisam ser criadas leis anticartéis. Também é necessário introduzir o princípio da descentralização de poder, para evitar a supremacia do Estado, de grupos ou de particulares em determinados setores econômicos. As companhias de mineração precisam ser coletivizadas. Também a indústria siderúrgica precisa trilhar esse caminho. O sistema cooperativista e o controle sobre o sistema financeiro e bancário têm de ser ampliados".

Katzer lembrava-se dos debates de 1947: "Não tínhamos tanto tempo para discutir, os problemas eram muitos. Tínhamos que fazer os esgotos, construir estradas, casas, criar empresas. Esses eram os problemas que mais nos atormentavam".

O programa delineado em Ahlen pela CDU não foi concebido para a eternidade. Tratava-se simplesmente de uma declaração de intenções dos democrata-cristãos na zona de ocupação britânica, para servir de base a futuros programas. Com a introdução da economia social de mercado pelo primeiro ministro alemão da Economia, Ludwig Erhard, o sonho de uma Alemanha cristã e socialista nascido no oeste do país foi por água abaixo.