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LiteraturaAlemanha

1924: Tipógrafos e escritores criam o Clube do Livro

Ewald Rose 29 de agosto de 2013

No dia 29 de agosto de 1924, a Associação Pedagógica dos Tipógrafos, em cooperação com os escritores, fundou em Leipzig, no leste da Alemanha, o Clube Popular do Livro.

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Regal bei Alexander Andreev, Leiter der bulgarischen Redaktion bei der DW und Übersetzer
Foto: DW/H. Mund

A boa literatura não deveria mais ser privilégio de uma minoria. Esta era a meta do Clube Popular do Livro, criado para facilitar ao trabalhador simples a leitura de um livro, que na época era um artigo de luxo. A ideia foi discutida e aprovada numa reunião do sindicato dos tipógrafos. Um dos artigos mais revolucionários de seus estatutos prometia que os lucros seriam revertidos numa melhor apresentação das obras. O Clube Popular surgiu em contraposição aos clubes particulares do livro, que já existiam desde o início do século.

Logo nos seis primeiros meses de existência, o Büchergilde, como foi chamado, atingiu mais de cinco mil filiados, que recebiam mensalmente uma pequena revista com as informações do seu "círculo do livro". O êxito inesperado levou inclusive à impressão de mais exemplares do que o previsto inicialmente.

À primeira publicação – contos de Mark Twain –, sucederam-se textos socialmente engajados e clássicos modernos, em encadernações simples e bonitas. Até 1931, foram instaladas as primeiras 27 lojas em toda a Alemanha, com filiais em Zurique, Viena e Praga. Seguiram-se publicações de autores conhecidos na época, Jack London, Martin Andersen-Nexö, Oskar Maria Graf, Sinclair Lewis, Upton Sinclair, Michael Soschtschenko, Arnold Zweig e o social-crítico B. Traven. Entre os principais ilustradores que trabalharam nestas publicações populares, destacaram-se Alfred Kubin, Frans Masereel e Max Pechstein.

Na época, os sindicatos acreditavam que a oferta acessível de "boas obras" poderia despertar as massas, pelo menos os trabalhadores, para a literatura. A partir do trivial, pretendia-se ampliar a oferta para exemplos literários com testemunhos do passado e presente. Nem uma década depois de fundada, já contava 85 mil filiados. Em 1933, entretanto, com a ascensão dos nazistas ao poder, a Büchergilde foi obrigada a procurar refúgio na Suíça.

O recomeço em Zurique não foi difícil. Até 1945, haviam sido conquistados mais de 100 mil filiados. Dezenas de obras haviam sido escolhidas "as melhores do ano". Dois anos depois, o Clube Popular do Livro retornou à Alemanha, desta vez para Frankfurt, onde foi fundada por Helmut Dressler, o filho de Bruno, que havia sido o fundador em Leipzig. Proporcionar "boa" literatura, música e arte aos trabalhadores, através de livros baratos bem produzidos, continuava sendo a meta do Clube Popular do Livro.

Com autores como Hemingway e Thomas Mann, o clube teve uma ótima fase em meados da década de 1960, quando atingiu 300 mil filiados. Com o passar do tempo, no entanto, faltou uma estratégia de marketing ao Büchergilde. Enquanto a concorrência gastava fortunas em propaganda, o clube recebia apenas subvenções sindicais.

A ideia de despertar o interesse pela leitura também nunca deu certo. Exatamente o livro como produto de consumo de massa, que os fundadores do clube popular combatiam, acabou contribuindo muito mais para a divulgação da literatura. Depois de anos de estagnação, em 1998, a Confederação dos Sindicatos Alemães despediu-se da iniciativa. A partir daí, tanto a editora como a distribuição foram privatizadas.