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1903: Fundado o ADAC – Automóvel Clube Alemão

Márcio Weichert

Em 24 de maio de 1903, foi fundada em Stuttgart a Associação Alemã dos Motociclistas (DMV), que se converteu oito anos depois no Automóvel Clube Alemão (ADAC).

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Entre outras coisas, o ADAC presta socorro em caso de pane nas estradasFoto: ADAC

Sediado em Munique desde 1905, o clube emprega atualmente 6700 funcionários e se considera sobretudo um órgão de defesa do consumidor, não só de seus associados, mas de todos os motoristas e proprietários de automóveis. Em recente pesquisa de opinião pública, o ADAC despontou como a instituição de maior credibilidade no país, à frente da Polícia, do Greenpeace e dos jardins-de-infância.

Já ficou longe o tempo em que os socorristas do automóvel clube chegavam em motocicletas com side-car com suas caixinhas de ferramentas. Os 1715 anjos amarelos – como os mecânicos ambulantes do ADAC são conhecidos – rodam atualmente pelo país em veículos rastreados via satélite pelo sistema GPS e equipados com um acervo surpreendente de ferramentas e peças de reposição.

Há pouco mais de um ano, eles carregam consigo baterias novas e, mais recentemente, até computadores para ajudar na identificação e reparo de problemas eletrônicos nos carros mais modernos. Além da frota de automóveis e reboques, o ADAC dispõe ainda de dezenas de helicópteros e jatinhos próprios para o transporte de feridos ou motoristas e acompanhantes que adoeceram longe de casa, inclusive no exterior.

Somente em 2002, os anjos amarelos e seus colegas terceirizados atenderam mais de 3,5 milhões de motoristas em apuros, uma média de 9730 por dia, ou um a cada nove segundos. Em cerca de 83,3% das chamadas, eles conseguiram recolocar os automóveis em condições de seguir andando. Do exterior, o clube repatriou por via aérea quase 1,6 mil sócios – na maior parte dos casos em conseqüência de infartos e doenças gastrointestinais.

Atividades muito além do clube

O socorro a motoristas e vistorias não oficiais em veículos são no entanto hoje apenas uma parcela do leque de serviços que o ADAC oferece a seus associados. Através de uma empresa própria com várias subsidiárias, o clube funciona também como agência de turismo, locadora de automóveis, editora – sua revista Motorwelt é a de maior tiragem na Europa, com 13,2 milhões de exemplares mensais –, seguradora e instituição de crédito, concedendo agora também empréstimo para compra de carro e tarifas especiais de leasing. O gigante não opera entretanto oficinas mecânicas, nem faz serviço de despachante.

Alavancadas no fim da década de 90, as atividades de cunho econômico do ADAC já responderam em 2001 por 730 milhões de euros de faturamento, superando a arrecadação das anuidades dos associados, que naquele ano somou 471 milhões de euros.

O sucesso da iniciativa naturalmente tem opositores de peso, especialmente entre as grandes seguradoras, que se queixam de concorrência desleal. Como clube, o ADAC tem benefícios fiscais e seus balanços não precisam ser tão detalhados quanto o de empresas. A entidade reage com tranqüilidade, pois sua subsidiária é uma empresa e cumpre suas obrigações legais. Apenas a receita e as atividades intrínsecas ao clube gozariam de situação especial. As vantagens fiscais teriam sido de 25 milhões de euros em 2001 e o lucro do "conglomerado" de 52 milhões, um valor que, segundo seu presidente Peter Meyer, não faz do ADAC um gigante econômico.

Poderoso lobby na política de transporte

Com tantos associados e fartura de recursos financeiros, o automóvel clube transformou-se também num poderoso instrumento formador de opinião pública. Seu poder de fogo, o ADAC utiliza para fazer lobby em favor dos motoristas de carros de passeio. Combate impostos sobre combustíveis, exige prioridade de investimentos para rodovias, critica política de trânsito, sugere mudanças, promove campanhas ao lado de autoridades e empresas e muito mais.

Muitas vezes não se importa que suas propostas e críticas sejam incoerentes. Por exemplo, prega a transferência do transporte de cargas do setor rodoviário para o ferroviário, mas combate os subsídios a este. Critica os engarrafamentos nas grandes cidades, mas defende mais espaço para os carros de passeio, sem lembrar que muitos de seus associados, além de motoristas, também são passageiros de ônibus e metrô.