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UE em silêncio sobre caso de cidadã italiana expulsa de Angola

Nádia Issufo16 de julho de 2014

A sociedade civil angolana está preocupada com a falta de reação da UE à expulsão compulsiva de Tirzi Concetta. A coordenadora de um projecto financiado por Bruxelas encontrava-se frequentemente com jovens manifestantes.

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Foto: picture-alliance/dpa

A expulsão de Tirzi Maria Concetta, conhecida em Angola por “Ketty”, foi ordenada pelo Serviço de Migração e Estrangeiro a 30.05. Os motivos da expulsão de não foram divulgados pelas autoridades do país.

O seu visto de trabalho, com a duração de um ano, foi cancelado. A italiana coordenava um projecto financiado pela União Europeia (UE) denominado PAANE II - Programa de Apoio a Atores Não Estatais.

Segundo o diretor da organização Open Society em Angola, Elias Isaac, antes disso uma carta terá sido enviada pelas autoridades angolanas à UE explicando que Tirzi Maria Concetta foi alvo de uma investigação e em resultado disso era persona non grata no país.

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Elias Isaac, diretor da organização Open Society em AngolaFoto: DW/Renate Krieger

“O único problema é que não conhecemos o teor dessa investigação”, afirma Elias Isaac. “E nem a própria delegação da União Europeia produziu informacao sobre esta questão”, sublinha.

Contacto com manifestantes

Em Angola, no contexto do seu trabalho, a italiana mantinha contactos frequentes com organizações da sociedade civil e também com jovens manifestantes, por exemplo, com membros da Central Angola. Uma das perguntas que agora se coloca é se este terá sido um dos motivos para a sua expulsão.

Luaty Beirão, um dos membros do movimento Central Angola, também não sabe a resposta. Os primeiros contactos com Tirzi Concetta ocorreram no início do ano.

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“Recebemos um e-mail da Ketty propondo um encontro com um rapaz brasileiro, Marcelo Santos, que tinha participado em movimentos semelhantes no Brasil e no Chile e que estava cá como consultor do PAANE, o Programa Europeu de Apoio a Atores Não Estatais, para conversar informalmente, trocar opiniões, experiências. Não havia um tema específico”, recorda.

A ideia era marcar um encontro para que todos se conhecessem. “Conversamos essencialmente com o Marcelo, mas a Ketty estava presente. E fomos falando sobre quem ela era, o que fazia, também falamos um pouco do programa. E ela manifestou interesse em fazer com que nós, os jovens ativistas, sem estrutura, nos aproximássemos das poucas ONGs sérias que existem em Angola, e são lideradas por angolanos, criássemos pontes entre as gerações”, conta o jovem ativista.

Segundo Luaty Beirão, “Ketty” Tirzi também serviu de ponte entre a Central Angola e a Embaixada da Alemanha em Angola, onde o grupo esteve para simples contactos de trabalho. “Mas sempre foi tudo público, nunca houve secretismo”, salienta.

Silêncio “preocupante” da UE

A falta de reação a expulsão da Ketty por parte da delegação da UE em Angola deixa espantados alguns ativistas angolanos. Elias Isaac da Open Society defende que a delegação da UE, entidade empregadora de “Ketty” Tirzi, tem a responsabilidade de exigir às autoridades mais detalhes, para poder informar a opinião pública.

Luaty Beirão
Luaty Beirão, membro do movimento Central AngolaFoto: Central Angola

"Vemos o silêncio da UE como preocupante, até mesmo como uma cumplicidade que não entendemos. Vemos a UE como um espaço onde há promoção dos direitos, onde a transparência é praticada, mas esse silêncio preocupa-nos a todos porque não sabemos o que se passa. Mas a delegação da UE prefere ficar calada”, critica o diretor da Open Society. Para Elias Isaac, não cabe aos angolanos falar sobre isso, mas sim à UE.

Em Bruxelas, a eurodeputada portuguesa Ana Gomes endereçou uma carta a Catherine Ashton, a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança e a Andris Piebalgs, comissário para o Desenvolvimento, manifestando a sua preocupação com a inércia da delegação dos 28 em Luanda. Gomes pede também à UE que peça satisfações a Luanda pela expulsão.

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