Tortura e agressões contra "crianças bruxas" na Nigéria
22 de junho de 2016Publicidade
Joseph, de apenas 10 anos de idade, está num campo de futebol improvisado na pequena cidade de Eket, no sudeste da Nigéria, uma das regiões mais afetadas pelos ataques a crianças acusadas de bruxaria.
Quando tira a camisola, os colegas ficam verdadeiramente assustados, pois o peito e as costas de Joseph evidenciam inúmeras e enormes cicatrizes.
Algumas das marcas são recentes, conta o rapaz. Depois da morte da sua mãe, há algumas semanas, o padrasto torturou-o com um ferro quente, pois estava convencido de que ele, o filho, era o culpado pela morte da mãe.
"Agrediu-me e acusou-me repetidamente de feitiçaria”
Já antes da morte da mãe o rapaz fora vítima de várias agressões, recebendo, nomeadamente, chicotadas com cabos elétricos.
"Às vezes a minha mãe tentava proteger-me, mas o meu padrasto continuava a agredir-me e até dava pontapés na barriga da minha mãe."
O caso de Joseph não é um caso isolado. Os peritos dizem que centenas de crianças nigerianas são acusadas regularmente de feitiçaria. Muitas dessas crianças pagam amargamente a superstição dos adultos com a sua própria vida.
Um estudo referente à África Ocidental, encomendado pela União Europeia, chega à conclusão de que o fenómeno é antigo: sempre existiram naquela região pessoas que acusam crianças de feitiçaria ou bruxaria. É um fenómeno bastante comum, sobretudo no Estado de Akwa Ibom, no sudeste da Nigéria.
Flagelo relacionado com a religião
Arukaino Umukoro é um dos poucos jornalistas nigerianos que se debruçaram sobre o assunto. Segundo o redator no diário nigeriano "Punch" é muito difícil erradicar a superstição, pois ela existe há muitos séculos e mistura-se mesmo com a religião.
Segundo Umukoro, "muitas pessoas, sobretudo em zonas rurais, responsabilizam ‘crianças bruxas’ por acidentes ou doenças como a sida. As crianças também são consideradas culpadas de outros problemas, como desemprego ou azar nos negócios".
"Esse tipo de superstição é muito comum e o que torna a questão ainda mais escandalosa é que algumas igrejas locais, em vez de combater o fenómeno, até o apoiam”, considera o jornalista.
Alguns pastores dizem às famílias “tragam a criança e vamos curá-la numa só semana”. As curas têm, no entanto, que ser pagas e não são nada baratas. Muitas pessoas acreditam nas histórias que lhes contam. Diz-se, por exemplo, que quando um bebé chora a noite inteira, é porque é um "bebé bruxo".
Bruxaria infantil é parte da tradição em muitas sociedades africanas. O assunto constitui ainda um grande tabu. Joseph, o menino de 10 anos, torturado pelo padrasto, teve sorte. As autoridades atuaram: prenderam o malfeitor, o padrasto, e colocaram Joseph num asilo especializado, onde recebe tratamento psicológico específico.
Quando tira a camisola, os colegas ficam verdadeiramente assustados, pois o peito e as costas de Joseph evidenciam inúmeras e enormes cicatrizes.
Algumas das marcas são recentes, conta o rapaz. Depois da morte da sua mãe, há algumas semanas, o padrasto torturou-o com um ferro quente, pois estava convencido de que ele, o filho, era o culpado pela morte da mãe.
"Agrediu-me e acusou-me repetidamente de feitiçaria”
Já antes da morte da mãe o rapaz fora vítima de várias agressões, recebendo, nomeadamente, chicotadas com cabos elétricos.
"Às vezes a minha mãe tentava proteger-me, mas o meu padrasto continuava a agredir-me e até dava pontapés na barriga da minha mãe."
O caso de Joseph não é um caso isolado. Os peritos dizem que centenas de crianças nigerianas são acusadas regularmente de feitiçaria. Muitas dessas crianças pagam amargamente a superstição dos adultos com a sua própria vida.
Um estudo referente à África Ocidental, encomendado pela União Europeia, chega à conclusão de que o fenómeno é antigo: sempre existiram naquela região pessoas que acusam crianças de feitiçaria ou bruxaria. É um fenómeno bastante comum, sobretudo no Estado de Akwa Ibom, no sudeste da Nigéria.
Flagelo relacionado com a religião
Arukaino Umukoro é um dos poucos jornalistas nigerianos que se debruçaram sobre o assunto. Segundo o redator no diário nigeriano "Punch" é muito difícil erradicar a superstição, pois ela existe há muitos séculos e mistura-se mesmo com a religião.
Segundo Umukoro, "muitas pessoas, sobretudo em zonas rurais, responsabilizam ‘crianças bruxas’ por acidentes ou doenças como a sida. As crianças também são consideradas culpadas de outros problemas, como desemprego ou azar nos negócios".
"Esse tipo de superstição é muito comum e o que torna a questão ainda mais escandalosa é que algumas igrejas locais, em vez de combater o fenómeno, até o apoiam”, considera o jornalista.
Alguns pastores dizem às famílias “tragam a criança e vamos curá-la numa só semana”. As curas têm, no entanto, que ser pagas e não são nada baratas. Muitas pessoas acreditam nas histórias que lhes contam. Diz-se, por exemplo, que quando um bebé chora a noite inteira, é porque é um "bebé bruxo".
Bruxaria infantil é parte da tradição em muitas sociedades africanas. O assunto constitui ainda um grande tabu. Joseph, o menino de 10 anos, torturado pelo padrasto, teve sorte. As autoridades atuaram: prenderam o malfeitor, o padrasto, e colocaram Joseph num asilo especializado, onde recebe tratamento psicológico específico.
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