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Tempos de mudança no combate ao HIV?

Sofia Diogo Mateus11 de fevereiro de 2014

2015 poderá ser um ano de viragem na luta contra o vírus da SIDA, segundo a organização ONE. O número de pessoas infetadas com HIV a entrar em tratamento poderá ultrapassar as novas infeções.

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Foto: picture-alliance/dpa

Se o investimento financeiro e o compromisso político das organizações e governos se mantiver, em 2015 haverá mais pessoas a entrar em tratamento do que, propriamente, novas infeções, diz um relatório da organização sem fins lucrativos ONE, intitulado "O Início do Fim".

"Pela primeira vez, estaremos à frente nas estatísticas e teremos começado a derrotar esta doença", diz Erin Hohlfelder, autora do estudo.

Entre os fatores que levaram à evolução positiva dos últimos dez anos estão um planeamento e investimento mais efetivo na prevenção e tratamento das infeções por HIV. Porém, um fator essencial para o sucesso na luta contra a doença foi o facto de este tema se tornado uma prioridade política em alguns países africanos, onde vive 69 por cento da população infetada com HIV.

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Aposta no tratamento e prevenção é crucial, dizem especialistasFoto: AFP/Getty Images

"A questão da vontade política não pode ser minimizada", diz Hohlfelder. "Nos países onde o chefe de Estado, a primeira-dama ou ministros abraçaram esta causa, nota-se uma diferença evidente, não só pela canalização de recursos governamentais para esta questão mas também por se conseguir conquistar a atenção da população, para que façam testes de HIV e estejam mais consciencializados", explica.

Combate à discriminação

A investigadora diz que países como o Gana, Malawi e Zâmbia estão agora a liderar as estratégias de luta contra a doença. O especialista em epidemias e antigo diretor da agência das Nações Unidas para a SIDA no Brasil, Pedro Chequer, concorda com a investigadora e diz que a mudança de atitude para com os doentes é algo fundamental, especialmente em África.

"A estratégia que a ONUSIDA está a propor a partir da realidade observada cientificamente, é, em primeiro lugar, reduzir a discriminação, acabar com as leis punitivas relativamente a uma série de questões vinculadas à transmissão do HIV e ampliar a cobertura do tratamento com qualidade", afirma Chequer.

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O médico destaca a importância do tratamento não só como terapêutica mas também como estratégia de prevenção da doença: "Há dois anos, uma pesquisa científica mostrou que o tratamento bem efetuado iniciado precocemente consegue reduzir o risco de transmissão até 96 por cento."

Até 2015, a agência da ONU para a SIDA pretende aumentar em 4 milhões, para 15 milhões, o número de pessoas com a doença a serem tratadas, sendo que existem atualmente cerca de 35 milhões de pessoas infetadas. Apesar do progresso registado, a agência ainda precisa de mais 3 mil milhões de dólares, num total de 15 mil milhões anuais, para dar resposta a todas as necessidades relacionadas com a doença.

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