1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Tecnologia de Informação deficiente em Moçambique

Romeu da Silva (Maputo)10 de setembro de 2014

Nas zonas rurais de Moçambique o acesso a informação através da telefonia móvel ainda está longe de ser uma realidade. Mas é nestas zonas que vive a maior parte da população.

https://p.dw.com/p/1D9w4
Foto: DW/Johannes Beck

Por isso, as operadoras de telefonia móvel em Moçambique têm sido muito criticadas por causa da má qualidade dos serviços prestados. As duas primeiras telefonias a operar no país, nomeadamente a Mcel e a Vodacom, não têm infraestruturas adequadas para responderem à procura.

Assim, as chamadas são interrompidas com muita frequência, ou as ligações são péssimas, dificultando a comunicação. O fato obriga os cidadãos a serem clientes em simultâneo de todas as operadoras.

Cidadãos protestam

Dois anos depois da terceira operadora do país, Movitel, detida por acionistas vietnamitas, ter entrado no mercado moçambicano, a DW África ouviu alguns cidadãos sobre o impacto que têm os serviços prestados. Moçambicanos interpelados nas ruas exigiram que o “Estado tem que fiscalizar para que as normas sejam devidamente cumpridas”. Outro cidadão concorda dizendo que não há “nenhuma consequência. Na verdade, o próprio Governo deve controlar”.

O jornalista Alexandre Chiúre descreve que nas zonas rurais ainda há muito trabalho por fazer. As queixas da população às autoridades centram-se no acesso à informação e comunicação: “Muitas vezes, nos distritos, há dificuldades de acesso à internet. Não são todos. Mas alguns até não têm linhas, não têm sinal de telemóvel”. O jornalista diz que, em viagem pelo país, ouviu muitas vezes reivindicações da população em relação ao Governo, no sentido de ser finalmente instalada a infraestrutura para uma comunicação moderna.

Mosambik Mobilfunkladen
Uma loja de telemóveis em InhambaneFoto: DW/J. Beck

Má distribuição de equipamentos

Também Mouzinho Nicols, da Associação de Defesa dos Consumidores, refere que a fibra ótica de qualidade obtida pela Movitel devia ser também atribuída às outras duas companhias: “Porque é que a TDM não deu fibra ótica à Mcel e foi dar à Movitel, apesar da Mcel ser da própria TDM?” interroga.

Mouzinho Nicols, que é igualmente jurista, explicou à DW África que a Movitel apostou nas zonas rurais, que não são servidas pelas outras duas operadoras: “Mas isso não quer dizer que não se consiga falar dentro da rede da Movitel na zona urbana. Até se pode, só que o custo é alto” o que se aplica sobretudo às chamadas entre duas companhias diferentes, “por causa do bónus que as pessoas oferecem a quem fala dentro da mesma rede”.

Em Maputo o acesso à internet é mais fácil

[No title]

A estratégia da Movitel foi de apostar na melhoria da internet nas zonas urbanas. Na capital, Maputo, a maior parte dos usuários tem acesso à rede virtual através desta operadora. Para Mouzinho Nicols esta aposta no mercado deu à companhia grandes vantagens em relação à concorrência, que não seguiu pelo mesmo caminho: “Eles atacaram este lado mais fraco das outras companhias, para lhes roubar clientes. Principalmente para esta prestação específica. Cada um tem um forte num setor, podendo ter fraquezas noutro. No global seria necessário haver uma única empresa com todas estas caraterísticas”.

A Movitel diz num comunicado que responde por 70 por cento da infra-estrutura de cabo de fibra óptica do país e 50 por cento da infra-estrutura de rede de telefonia móvel.