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Responsáveis pela morte do cantor Max-Love continuam impunes

Marcelino Mueia (Quelimane)3 de dezembro de 2015

Familiares e amigos do músico moçambicano Max-Love, morto a tiro em 2013 por um agente da polícia, estão indignados com as autoridades porque já passaram dois anos desde a morte e os autores do crime permanecem impunes.

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Foto: Getty Images/Y. Chiba

Jaime Paulo Caminho era conhecido por Max-Love, nome com que assinava as suas músicas. Natural de Nampula, distrito de Mutauanha, o jovem foi baleado mortalmente na cabeça por um agente da polícia que guardava a residência de Joaquim Veríssimo, da FRELIMO, o partido no poder em Moçambique, que na altura desempenhava as funções de governador na província da Zambézia.

O cantor foi morto a 21 de novembro de 2013, um dia depois do anúncio dos resultados das eleições Municipais que deram a vitória a Manuel de Araújo, candidato à Câmara Municipal de Quelimane pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM). Max-Love festejava a vitória do partido quando foi alvejado.

A DW África conversou com o tio do cantor, Ascensão Chauchane, que relembra com emoção o acontecimento. "Antes da sua morte, o Max-Love estava na comitiva do secretário-geral do MDM e no dia 21 fomos celebrar a vitória. Infelizmente a notícia apanhou-nos de surpresa. Recebi um telefonema de um amigo dele a dizer que o meu sobrinho tinha sido baleado mortalmente na Avenida Marginal. Fui ao hospital confirmar e constatamos que era, de facto, ele (Max-Love)."

Bernardo Francisco
Bernardo FranciscoFoto: DW/M. Mueia

Bernardino Francisco, ex-colega e amigo de Max-Love, disse que o sentimento continua a ser de pesar e revolta porque desde o dia em que o jovem João Paulo Caminho foi assassinado pela polícia os infratores não foram responsabilizados pelo crime que cometeram. "Até agora não disseram nada sobre como está a decorrer o caso. Qualquer coisa tem de ser feita com estas manifestações", sublinha o amigo.

Por seu turno, Djon De Azevedo, outro amigo de Max-Love, refere que desde o ano passado tem seguido este processo, mas que até hoje não obteve resposta, possivelmente porque o jovem artista era apoiante do MDM, partido da oposição moçambicana que venceu as municipais em Quelimane. "Como se tratava de um partido de oposição, não dizem e não fazem nada”, concluí Azevedo.

Homenagem ao cantor

No passado dia 21 de novembro, a edilidade de Quelimane organizou uma cerimónia de homenagem ao jovem cantor que culminou com uma marcha popular até à Praça da Paz, onde se depositaram flores e foram lidas mensagens.

Herguen Francisco, também amigo do cantor, lamenta que o caso tenha caído no esquecimento. "Vamos sempre lembrar o dia 21 de novembro. Amigos e familiares vão pedir que as pessoas que cometeram estes atos estejam nos lugares devidos", disse.

O vereador da Cultura do Conselho Municipal, Nei Gani, critica os serviços de justiça na Província da Zambézia, afirmando que se trata de uma "atitude insensível" perante o assassinato de Jaime Paulo Caminho. E pede "que se faça justiça".

Nei Gani
Nei GaniFoto: DW/M. Mueia

O presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de Araújo, considera Max-love um herói porque o jovem terá contribuído para a libertação da cidade de Quelimane da governação da FRELIMO.

A DW África apurou junto das autoridades judiciárias da província da Zambézia que o caso Max-Love está ainda em processo de averiguações.

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