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Regime de Kabila sob pressão na RDC

Julia Hahn / Cristiane Vieira Teixeira22 de janeiro de 2015

O Conselho de Segurança das Nações Unidas analisa esta quinta-feira (22.01) a atual situação na RDC, depois de três dias de manifestações contra o Presidente Joseph Kabila. A violência já terá causado mais de 40 mortos.

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Foto: Reuters/J. R. N'Kengo

A polícia interveio na manhã de quarta-feira (21.01) no interior do campus universitário de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC), para dispersar novas manifestações, pelo terceiro dia consecutivo. No local ouviram-se tiros, de acordo com a agência de notícias France Presse. No distrito de Ndjili, uma unidade móvel da polícia foi destruída por um grupo de jovens.

Segundo a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), a violência já causou 42 mortos na capital da RDC, Kinshasa.

O Governo congolês, por sua vez, faz um balanço de 15 mortes e alega que a maioria das vítimas foi baleada por seguranças privados durante saques a lojas da capital.

Os manifestantes protestam contra um projeto de lei aprovado pela câmara baixa do parlamento, no sábado (17.01), que permitirá ao Presidente Joseph Kabila prolongar a sua permanência no poder.

A alteração exige um novo recenseamento eleitoral como condição para a realização de eleições parlamentares e presidenciais no próximo ano.

Saída pouco provável

Joseph Kabila está no poder há 14 anos. De acordo com a Constituição, ele não pode governar novamente depois de 2016. A oposição vê na nova lei uma tentativa de Kabila adiar as eleições e pede abertamente a sua saída.

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No entanto, segundo especialistas, a saída do Presidente, como aconteceu no Burkina Faso, em outubro de 2014, após maciços e violentos protestos, parece pouco provável.

Dustin Dehéz, analista da Manatee Global Advisors, uma empresa de consultoria política baseada em Frankfurt am Main, Alemanha, sublinha que os cenários são diferentes. "O Presidente do Burkina Faso já governava há demasiado tempo e era claramente um ditador. Kabila é um governante autoritário que, pelo menos, ainda quer ter uma aparência democrática", explica.

No entanto, reconhece, "no momento em que essa aparência desmorona, o risco de a oposição permanecer nas ruas é maior."

Além disso, a oposição congolesa ficaria fragmentada e em desacordo, afirma o politólogo Philippe Biyoya, da Universidade de Kinshasa. "A oposição não tem uma estratégia adequada para reunir o apoio das pessoas. O país inteiro está totalmente dependente da comunidade internacional", lembra o especialista.

Contestação antiga

A especulação de que Joseph Kabila quer manter-se no poder depois de 2016 é antiga. E o seu Governo também já é contestado há muito tempo, sublinha o cientista político Christoph Vogel, que realiza pesquisas no Congo.

Joseph Kabila Kabange 25.09.2013
Joseph Kabila está no poder há 14 anosFoto: picture-alliance/dpa

"Aos olhos da população, Kabila nada fez contra os problemas do país. Acusam-no, por exemplo, de não ter impedido a ascensão do grupo rebelde M23 no início de 2012 ou de não ter melhorado a infra-estrutura e a educação", exemplifica.

Na sequência da aprovação pela Câmara, nos próximos dias, também o Senado deve decidir sobre a polémica lei eleitoral, o que pode enfurecer ainda mais os manifestantes.