1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Reforço da cooperação entre Angola e a China em 2011 é “natural”

14 de fevereiro de 2011

Foi anunciado um empréstimo de 2,5 milhões de dólares da China a Angola. Mais uma parcela a somar à dívida externa angolana, que contudo "não é um indicador que meta medo", de acordo com o economista Alves da Rocha.

https://p.dw.com/p/Qzm7
Na Baía de Luanda há muitos estaleiros, um reflexo do "boom" económico angolanoFoto: picture-alliance/ ZB

O quadro de cooperação sino-angolano vai ser reforçado durante este ano. A consolidação de relações entre os dois países é visto como “o prolongamento natural da presença da China” naquele país africano, de acordo com Manuel Alves da Rocha, diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica e Coordenador do Núcleo de Estudos Macroeconômicos da Universidade Católica de Angola.

Recentemente, o embaixador de Angola na China anunciou que o Banco de Desenvolvimento daquele país asiático vai emprestar, a curto prazo, 2,5 mil milhões de dólares ao Estado angolano, para o setor agrário, reabilitação de infraestruturas rodoviárias, pontes e construções de casas sociais.

Para o economista Alves da Rocha, é “natural que ocorram aprofundamentos nas relações económicas, financeiras e políticas com a China, porque a China foi o primeiro país a contribuir para o esforço de reconstrução económica de Angola, continua a fazê-lo”.

Nessas relações, o professor universitário admite que “há uma falta de transparência relativamente aos financiamentos da China”. O anunciado empréstimo vem adensar a dívida externa de Angola que se calcula ser superior a 30 mil milhões de dólares a serem pagos por remessas de petróleo. Mas esse “não é um indicador que meta medo”, “nem ao fundo Monetário Internacional, nem ao banco Mundial, nem a nós próprios”, refere Alves da Rocha.

O especialista acredita no crescimento económico do país, que apresenta “taxas de crescimento previstas para 2011 de 7,5%”, “potencialidades de crescimento, (...), níveis elevados de confiança, (...) estabilidade política”, o que “contribui para criar confiança, ganhar confiança em Angola”.

Präsidentschaftwahl Brasilien Lula
O ex-presidente brasileiro Lula da Silva colocou África no topo da política económica do BrasilFoto: AP

Cooperação Brasileira em Angola tem “oportunidade de influenciar”

A relação de cooperação entre Angola e o Brasil preocupa o economista Alves da Rocha. De acordo com o economista, nenhuma das cooperações de Angola seja com a China, com Portugal ou com o Brasil está isenta de críticas.

No entanto, o especialista alerta para a relação institucional que o país africano mantém o Brasil. Segundo aquele professor universitário, “a cooperação brasileira tem, neste momento, capacidade, contexto, oportunidade de influenciar a política económica e os modelos de desenvolvimento de Angola, o que não acontece com a China” e adianta que essa “cooperação institucional brasileira está praticamente em todos os ministérios”.

Alves da Rocha admite que o “preocupa (...) o nível de remuneração dessa assistência técnica” brasileira, nível esse que “nenhum angolano pensará jamais poder vir a auferir de salários mensais dessa envergadura”, remata.

Autor: Glória de Sousa
Revisão: Helena Ferro de Gouveia