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Receio e abstenção marcam eleições no Congo-Brazzaville

Arsène Severin | Maria João Pinto | AFP
17 de julho de 2017

Dois milhões de eleitores foram chamados às urnas, este domingo (16.07), para as legislativas e autárquicas. Foi o primeiro escrutínio após a reeleição do Presidente Denis Sassou Nguesso em 2016, que gerou violência.

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Kongo Parlamentswahlen in Brazzaville
Foto: picture-alliance/Zumapress/W. Songyu

Segundo os observadores em Brazzaville, a abstenção é o grande desafio destas eleições. As urnas foram encerradas ao final da tarde e a contagem dos votos começou de imediato, embora não tenha sido avançada ainda a data de divulgação dos resultados. Na Câmara Municipal de Brazzaville, segundo a AFP, contaram-se apenas 28 votos.

Nas presidenciais de 2016, a taxa de participação rondou os 70%. Para estas eleições, os analistas estimam que se registaram menos de 15% dos eleitores.

Alguns dirigentes da oposição e membros da sociedade civil apelaram a um boicote, em solidariedade com a região de Pool, mergulhada na violência após as presidenciais do ano passado, com a reeleição de Denis Sassou Nguesso, após um referendo constitucional que pôs fim ao limite de dois mandatos presidenciais.

Kongo Parlamentswahlen in Brazzaville Präsident Sassou
Presidente Denis Sassou NguessoFoto: picture-alliance/Zumapress/W. Songyu

A coligação liderada pela Iniciativa para a Democracia no Congo pede o fim da crise em Pool e a libertação de todos os presos políticos. Dois líderes da oposição foram detidos no ano passado, acusados de ameaçar a segurança interna do Estado.

Muitos congoleses consideram que as eleições não vão pôr fim ao sofrimento da população. E, por isso, preferem não votar. "Votamos desde 1958, mas nada muda. Todas as zonas de Brazzaville têm os mesmos problemas. Desta vez, não voto, nem a minha família", afirmou um jovem do bairro de Plateau, na capital.

Observadores e oposição com versões diferentes sobre escrutínio

Segundo a Comissão Nacional Eleitoral, a votação decorreu sem incidentes, apesar de se terem registado atrasos na abertura de algumas assembleias, devido à falta de boletins de voto.

Ainda assim, a oposição fala em farsa, acusando o partido no poder, o Partido Congolês do Trabalho, de favorecer injustamente os seus candidatos, nomeadamente controlando todos os meios de comunicação estatais.

"É um escrutínio escandaloso e já sabíamos que deveria haver fraude. Trata-se de um sistema de organização das eleições mafioso. Desde 2002, nenhuma eleição justa e transparente foi organizada pelo regime do Presidente Sassou Nguesso", afirmou Clément Miérassa, líder da FROCAD, a Frente Republicana para o Respeito da Ordem Constitucional e Alternância Democrática.

17.07 Actualidade: eleições no Congo - MP3-Mono

Citada pela AFP, a missão de observadores da União Africana afirmou, na sexta-feira (14.07), no entanto, que a campanha decorreu "normalmente".

Para os jovens do movimento de contestação "Ras-le-bol" - que organizaram uma campanha de dissuasão dos eleitores -, a campanha eleitoral atraiu multidões apenas porque os candidatos oferecem dinheiro.

"No terreno, distribuíram dinheiro e foi por isso que os congoleses apareceram. No dia das eleições, sabemos que a maior parte dos congoleses fica em casa. É uma mobilização hipócrita", criticou Charlin Kinouani, um dos responsáveis do movimento "Ras-le-bol".

O partido do Presidente Denis Sassou Nguesso, no poder há 32 anos, concorreu às legislativas com 128 candidatos aos 151 assentos parlamentares.

O maior partido da oposição, a União Pan-africana para a Democracia Social, conta com 43 candidatos contra os 31 do grupo Yuki, de Guy-Brice Parfait Kolélas, que ficou em segundo lugar nas presidenciais de 2016.

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