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Futuro da energia no Quénia está a todo vapor

Jens Thurau | mb
13 de novembro de 2017

Em Olkaria, ao norte de Nairobi, a eletricidade é gerada a partir da energia geotérmica. As condições para investir nesse tipo de energia no país são ideais.

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Kenia Geothermiekraftwerk bei Eukaria
Usina de energia geotérmica em Olkaria, no QuéniaFoto: DW/J. Thurau

Cheiro de enxofre no ar. Ainda é possível sentir que a água está morna o suficiente. Um vapor quente sobe. Ele vem de debaixo da terra. Islândia? Não: a grande paisagem de piscinas fica localizada no meio do Parque Nacional de Hell's Gate, duas horas de carro a noroeste de Nairobi, capital do Quénia. A piscina está à disposição dos moradores da região; um pequeno presente  da empresa de energia paraestatal queniana KenGen. Com isso, eles também pretendem demonstrar do que a energia geotérmica é capaz. Em primeiro lugar, claro, produzir energia. Mas também oferecer aos quenianos uma área com piscinas de água morna. E de graça.

Enorme potencial

Kenia 1  Pool nahe Nairobi
Piscina aquecida geotérmica, localizada perto da capital do Quénia, em NairobiFoto: DW/Jens Thurau

No Parque Nacional, onde frequentemente uma girafa ou uma zebra pastam em paz à beira da rua, já existem quatro usinas geotérmicas; e uma quinta está em construção. Juntas, elas produzem mais de 600 megawatts de energia. "Mas o potencial gira em torno de 10.000 megawatts. Nós podemos produzir energia barata aqui – e  também sustentável”, disse Reuben Langat, engenheiro da usina.

Vapor que vem da profundidade

A energia geotérmica funciona assim: os engenheiros fazem perfurações de 2000 a 4000 mil metros de profundidade. Um vapor quente sobe e coloca as turbinas a funcionar. Sustentável e, acima de tudo, livre de gases do efeito estufa. Aproximadamente, 30% da energia no Quénia provém desta fonte. Existem centenas de buracos feitos dessas perfurações em torno da Olkaria. Mas os custos das perfurações e das pesquisas para encontrar energia geométrica abaixo da superfície da terra são altos. É por isso que investidores do mundo inteiro estão em Olkaria. Entre outros países,  o Japão e a China. Com 82 milhões de euros, a Alemanha também financia a produção da energia oriunda das camadas da Terra no Quénia. No total, já foram investidos mais de mil milhões no pacífico Parque Nacional. "Aqui nas escavações africanas, as condições para desenvolver energia geotérmicas são ideais”, informou Langat. "A área ainda tem vulcões ativos. Por isso, é possível encontrar energia geotérmica logo abaixo da superfície e não apenas a 10 mil metros de profundidade, como acontece em outros lugares”, completou.

Quénia - energia - MP3-Mono

Objetivos ambiciosos

Em geral, o Quénia é considerado um exemplo na África no que diz respeito às questões de proteção ao ambiente. O país pretende reduzir seus gases de efeito estufa  em 30% até 2035. Esses gases são causados principalmente por geradores a diesel, utilizados com alguma frequência no país para a produção de energia. No caso, por exemplo, de a energia hidroelétrica faltar por conta da seca, que é a maior fonte de energia do país, a energia geotérmica seria um meio de suprimir a energia a diesel.

É possível que o Governo queniano abdique do plano de construir uma grande usina de carvão no norte do país, na fronteira com a Somália. Mas a carência de energia no Quénia é enorme, e a economia cresce rapidamente. Os engenheiros de Olkaria estão conscientes, entretanto, de que o carvão até poderia produzir mais energia em curto espaço de tempo, mas seu uso seria muito nocivo a longo prazo. E o Quénia não precisa de carvão.

Kenia  Ingenieur Reuben
O engenheiro queniano Reuben Langat tem grandes expectativas a respeito da energia geotérmicaFoto: DW/J. Thurau

150 famílias realocadas

A construção de mais e mais novas usinas geotérmicas não acontece sem consequências para a população: recentemente, 150 famílias tiveram de ser realocadas. Principalmente os Massai, que vivem na região há centenas de anos. Tudo porque os poços são conectados uns aos outros através de longas tubulações , e assim direcionam o vapor às turbinas centrais. Novas moradias foram disponibilizadas aos Massai a dez quilómetros de distância do ponto em questão. Os responsáveis pelas usinas se esforçam para dar atenção às famílias afetadas e subsidiá-las, por exemplo, na educação escolar de seus filhos.

Energia eólica e solar ainda em expansão

Em geral, só há elogios aos quenianos quando o assunto é energia geotérmica; também da Alemanha. A serviço do banco estatal alemão para o Desenvolvimento KfW, Klaus Liebig está em Nairobi e disse, em entrevista à DW, que se trata de um negócio bom em todos os aspetos. "E não precisamos convencer ninguém aqui sobre as vantagens da energia geotérmica. Eles sabem das vantagens. Além disso, a energia eólica e solar também tem um grande potencial a ser explorado aqui, e está longe de ser esgotado”, revelou Liebig, Provavelmente, por causa da concentração de energia geotérmica, que já é uma história de sucesso.