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Professores guineenses continuam em greve

12 de novembro de 2012

Os professores do ensino público da Guiné-Bissau estão em greve há mais de um mês e meio. Após negociações sindicatos chegaram a acordo com o governo para suspender a paralisação. Mas o conflito está sem fim à vista.

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Sala de aulas numa escola da Guiné-Bissau
Sala de aulas numa escola da Guiné-BissauFoto: Braima Darame/DW

Continua a paralisação nas escolas públicas guineenses apesar do governo de transição e os dois sindicatos dos professores (SINAPROF e SINDERPROF) terem assinado um acordo para desconvocar a greve, o que não aconteceu até agora.

Em setembro passado, o executivo de transição declarou aberto o ano letivo nas escolas públicas guineenses, mas de facto até aqui não tem havido aulas devido à greve dos professores que devia durar 60 dias.


Na semana passada alguns professores deslocaram-se ao ministério da educação, eles queriam certificar se o governo tinha inciado o pagamento prometido no acordo assinado na terça-feira (06.11).

Governo dá garantia que cai em saco roto

O acordo assinado entre os professores e o governo de transição (na imagem) não teve efeito nenhum
O acordo assinado entre os professores e o governo de transição (na imagem) não teve efeito nenhumFoto: DW

Em declarações a imprensa o Ministro da Educação, Vicente Pungura, disse que apenas faltam alguns procedimentos burocráticos para se iniciar o pagamento e chegou a dar até garantias: "Houve preparativos para o pagamento, tudo isso necessita o seu tempo. Hoje (08.11) já estão a pagar. Aliás, os pagadores já estão a receber o dinheiro para o efeito."

Para o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), Luís Nancassa, sem o dinheiro na mão as aulas não poderiam iniciar-se: "Queremos ser como São Tomé, ver para crer. O governo paga e o professores voltam as salas de aulas."


Outro quastão que consta da lista dos grevistas são as condições das escolas. Luís Nancassa traça uma situação desastrosa no que concerne as estruturas físicas de alguns estabelecimentos escolares do país: "Há salas que não oferecem as mínimas condições para lecionarmos. Escolas sem cobertura, sem teto, sem carteiras, escolas que até servem de casas de banho para os trausentes."

Relativamente a esta reclamação o governo de transição prometeu melhorar as condições de cinco escolas já identificadas.

A principal exigência dos grevistas é o pagamento de quatro meses de salários em atraso dos professores contratados, reintegrados e novos ingressos, e ainda 18 meses de salários em atraso dos professores efetivos.

O Governo de transição, acrescentou Luís Nancassa, pagou os salários de abril e maio aos próprios militares que fizeram o golpe de Estado (de 12 de abril), a outros funcionários do setor público, mas não pagou aos professores, alegando que não trabalharam nesses meses.

Governo não cumpre Acordo

O acordo assinado na última semana prevê também o pagamento de outras diuturnidades até ao final de novembro e o pagamento do mês de abril aos professores contratados ecolocados nas regiões de Gabú e Oio, que não receberam na altura o ordenado.
 
Sindicatos e Governo de transição acordaram também que os subsídios de isolamento dos professores serão revistos e que haverá a mudança de letra dos professores, no quadro do estatuto da carreira docente.  
 
De acordo com o memorando, os sindicatos reservam-se o direito de decretar
nova greve, em caso de incumprimento do acordo. 

Alunos perdem a confiança
No entender dos alunos lesados, a situação do ensino público está pior, porque os próprios dirigentes tem os familiares a estudarem em escolas privadas com melhores condições. Lamine Indjai, presidente da confederação nacional dos alunos da Guiné-Bissau, diz que a situação "contribui de uma ou de outra forma para o enfraquecimento do ensino públuico, porque como os seus familiares não estão nas escolas públicas cria um pouco de desinteresse."

Os alunos estão a ficar prejudicados com a greve dos professores
Os alunos estão a ficar prejudicados com a greve dos professoresFoto: Braima Darame/DW

Muitos alunos já não acreditam que este ano letivo seja concluído, acrescenta o presidente da confederação nacional dos alunos da Guiné-Bissau: "Se olharmos bem, estar uma semana na sala de aulas e ficar um ou dois meses em casa não ajuda, cria uma desmotivação no aluno."

As aulas do ensino público da Guiné-Bissau deveriam ter começado a 17 de setembro e nesse dia o Governo de transição procedeu à abertura solene do ano letivo. Mas quatro dias antes os sindicatos dos professores já tinham entregue um pré-aviso de greve, para começar a 17 de setembro e terminar a 07 de dezembro.

Autor: Braima Darame (Bissau)/Lusa
Edição: Nádia Issufo/António Rocha
 

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