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Educação

Professores em greve por tempo indeterminado em Xai-Xai

Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
6 de outubro de 2017

A paralisação dos professores na cidade moçambicana de Xai-Xai começou na semana passada. Em causa está o não pagamento de horas extraordinárias, que se arrasta desde 2015. Greve pode afetar milhares de alunos em Gaza.

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Greve tende a alastrar-se pelos distritos da província de GazaFoto: DW/M. Mueia

Há mais de 7.200 professores que não receberam horas extraordinárias em toda a província de Gaza. A greve tende a alastrar-se pelos distritos e poderá afetar o aproveitamento de milhares de alunos, alguns dos quais com exames finais já a partir de novembro.

Ainda assim, persiste o braço-de-ferro entre professores e o governo provincial. E os docentes em greve já avisaram que não vão retomar as aulas enquanto não for liquidada a dívida. "Se não se pagar o dinheiro, não estou disponível para dar aulas", diz Azarias Mondlane, professor na cidade de Xai-Xai. "Depois deste ar quente arrefecer, não queremos uma onda de perseguição", apela ainda o docente.

Indignado está também João Matsinhe, outro professor que, em sinal de protesto, não se apresenta na escola para dar aulas desde a semana passada. "Estou certo que vou para o cemitério sem receber esse dinheiro", afirma o docente, lamentando que a crise em Moçambique afete sobretudo os professores. "Se é crise, vamos sofrer todos", sublinha.

Milhões de meticais em dívida

O Governo provincial deve aos professores 131 milhões de meticais (equivalente a mais de dois milhões de dólares). Em causa estão horas extraordinárias e segundos turnos referentes ao triénio 2015/16 e 2017.

Professores em greve por tempo indeterminado em Xai-Xai

A diretora provincial de Economia e Finanças,  Romana Baulana, não revela até quando estará disponível o dinheiro. Apenas garante que a programação financeira está feita no e-SISTAFE, a plataforma informática através da qual o Estado procede ao pagamento dos salários.

Com a crise económica e financeira, justifica Romana Baulana, a direcção provincial está dependente dos recursos internos, "que entram na medida do possível", explica. "O Tesouro vai desembolsando à medida que vai tendo os recursos. Por isso, não posso dizer que amanhã o Tesouro vai tirar todo o dinheiro", acrescenta.

Segundo a diretora provincial de Economia e Finanças, os recorrentes atrasos no pagamento devem-se, em parte, à existência de professores "fantasma" . Por causa do elevado número de professores com horas extraordinárias, o governo provincial mandou verificar nas escolas os beneficiários legítimos e apurou que houve um processamento indevido de horas que iria lesar o Estado em 11 milhões de meticais.

A governadora de Gaza, Stella Pinto Novo Zeca, reagiu à greve, afirmando que "nada justifica" paralisar as aulas. "Existe um estatuto dos funcionários e agentes do Estado e eles poderão ser responsabilizados por isso", avisa. "Os principais prejudicados são as crianças e essas crianças são primos, filhos, são parentes nossos", lembra a governadora.