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Presidente do Zimbabué recua na nomeação de dois ministros

AFP | Reuters | mjp
2 de dezembro de 2017

Um dia depois de ter nomeado o novo Executivo, Emmerson Mnangagwa substituiu os ministros da Educação e do Trabalho. A medida é considerada uma resposta à onda de críticas gerada pela composição do Governo.

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Emmerson Mnangagwa na tomada de posse, a 24 de novembroFoto: Getty Images/AFP/Z. Auntony

O novo Presidente do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa, recuou na nomeação do seu ministro da Educação, um dia depois de ter reconduzido Lazarus Dokora num Executivo que dá posições de destaque a oficiais do Exército. A formação do Governo é vista como uma "recompensa" aos militares pelo seu papel na demissão do antecessor de Mnangagwa, Robert Mugabe.

Emmerson Mnangagwa fez outras mudanças no gabinete do Executivo. O seu assessor, Misheck Sibanda, fala em "ajustamentos para garantir o respeito pela Constituição e considerações de género, demografia e necessidades especiais".

Segundo a Constituição do Zimbabué, os ministros e os seus vices têm de ser membros do Parlamento, exceto cinco que podem ser escolhidos de acordo com as suas capacidades profissionais e competência. Mnangagwa tinha nomeado sete pessoas – incluindo o General Sibusiso Moyo como ministro dos Negócios Estrangeiros e o comandante da Força Aérea Perrance Shiri para a pasta do Território – que não são deputados.

Simbabwe Generalmajor Sibusiso Moyo
General Sibusiso Moyo é o novo ministro dos Negócios EstrangeirosFoto: Reuters/ZBC

Neste sábado, Emmerson Mnangagwa substituiu o ministro da Educação Lazarus Dokora pelo seu vice, Paul Mavima. A nomeação de Dokora gerou uma onda de críticas nas redes sociais e programas de rádio no país. Os zimbabueanos acusam Dokora de mau desempenho e de minar o sistema nacional de educação.

O chefe de Estado também nomeou a deputada do ZANU-PF Petronella Kagonye para o cargo de ministra do Trabalho e Segurança Social, substituindo o professor Clever Nyathi, que passa agora para conselheiro especial da Presidência para a segurança nacional e reconciliação. Chris Mutsvanga, líder da poderosa associação dos veteranos de guerra, que foi nomeado ministro dos Média, Informação e Radiodifusão, é também agora conselheiro especial do Presidente.

Críticas à "reciclagem" no Executivo

Empossado a 24 de novembro, depois da demissão de Robert Mugabe após uma intervenção militar, Emmerson Mnangagwa está na mira dos críticos pela formação do seu Executivo.

Simbabwe Parlament Patrick Chinamasa, Minister für Cybersicherheit | Amtsenthebungsverfahren Robert Mugabe
Patrick Chinamasa, então ministro da Cibersegurança, na sessão parlamentar que discutiria o processo de demissão de Mugabe, a 21 de novembroFoto: Reuters/A. Ufumeli

Analistas e cidadãos zimbabueanos esperavam um Governo mais abrangente, que rompesse com a era Mugabe. Mas Mnangagwa "reciclou" vários oficiais e dois nomes, em particular, estão a causar descontentamento: o do titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, Sibusiso Moyo, que a 15 de novembro anunciou a intervenção militar na televisão estatal, e o de Perrance Shiri.

O novo ministro do Território é conhecido por ter liderado uma unidade militar que terá alegadamente cometido atrocidades durante a repressão de uma rebelião na província de Matabeleland, no início dos anos 1980, que resultou na morte de 20 mil pessoas.

O novo Executivo, que deverá ser empossado na segunda-feira (04.12), fica também marcado pelo regresso de Patrick Chinamasa ao cargo de ministro das Finanças, apesar de o seu desempenho ter sido fortemente criticado no passado.

Novo Presidente "tem pouca margem" para contrariar expetativas

Entretanto, o líder da oposição zimbabueana, Morgan Tsvangirai, considera que o novo Presidente do Zimbabué tem "muito pouca margem" para ir ao encontro das expetativas de mudança no país, sobretudo a um ano das eleições.

Simbabwe Morgan Tsvangirai, Oppositionspolitiker
Morgan TsvangiraiFoto: Reuters/M. Hutchings

Em entrevista à agência noticiosa Associated Press (AP), em Harare, Tsvangirai defendeu que o novo chefe de Estado, que sucedeu há quase uma semana a Robert Mugabe, afastado na sequência de um golpe militar, terá "muitas dificuldades" em "convencer seja quem for" de que a nova liderança do país vai melhorar a situação rapidamente, sobretudo a crise económica que assola o país.

O líder da oposição zimbabueana, que chefiou, ao lado de Mugabe, uma inédita coligação governamental após as eleições presidenciais de 2008, votação marcada por atos de violência, confrontos e ilegalidades, afirmou não ter qualquer dúvida de que a liderança de Mnangagwa não trará alterações significativas ao atual panorama político, económico e social.

"O Presidente tem de demonstrar que é diferente de Robert Mugabe, que algumas das políticas críticas que pretende impor são diferentes das que foram implementadas nos últimos 10 anos", sublinhou Tsvangirai. "Deem-lhe tempo, mas penso que tem uma janela muito pequena, uma vez que as expectativas (da população) são muito grandes".