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Preços dos produtos básicos nos mercados informais disparam

Manuel Luamba (Luanda) / LUSA12 de janeiro de 2016

Os principais produtos básicos nos mercados informais registaram um aumento significativo desde a subida dos preços dos combustíveis a 1 de janeiro de 2016. Os populares mostram-se preocupados com a situação.

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Mercado da Estalagem - Município de VianaFoto: DW/M. Luamba

A DW África deslocou-se a alguns mercados informais da capital angolana, Luanda, para constatar “in loco” os preços dos principais produtos básicos de consumo.

O aumento é assustador comparativamente aos preços anteriores.

O preço da botija de gás butano, por exemplo, varia entre 9 e 18 euros nos mercados informais contra os anteriores 4 euros.

Francisco Agostinho Domingos faz compras no mercado do ASA Branca no município do Cazenga desde 2011. Conta que, com a subida dos preços dos combustíveis, a caixa de peixe regista um aumento de mais de 17 euros.

“Naquela altura, a caixa de peixe custava entre 64 e 70 euros. Atualmente está entre os 87 e 94 euros”.

Arroz e óleo alimentar muito mais caros

A subida vertiginosa observa-se também noutros produtos alimentares como arroz e óleo .

Uma cidadã com uma criança ao colo fala com tristeza sobre a subida do saco de arroz de 25kg.

“O saco de arroz está agora a custar o dobro. Deve-se pagar mais de 52 euros. Está insuportável esta situação”.

O preço da corrida de táxi custa oficialmente quase um euro desde segunda-feira (11.01), altura em que também houve um aumento do preço de combustível.A subida do preço de táxi, segundo Lourdes Bendinha, uma revendedora de mangas, inviabiliza o escoamento dos produtos alimentares do campo para cidade e, consequentemente, fez disparar os preços dos alimentos nos mercados informais.

Angola Estalagem Markt Viana
Mercado Asa Branca - Município do CazengaFoto: DW/M. Luamba

“O táxi, então, já nem se fala. Antes, quem fosse para Kabala pagava 4 a 5 euros, agora paga-se quase 6 euros. Para o transporte de uma caixa de manga pagava-se 1 euro, agora paga-se 1,75 euros. A caixa de manga era 16 euros, agora, com a subida das corridas de táxi, paga-se entre os 23 e os 26 euros, varia”.

Sustento da família em perigo

Também uma revendedora de peixe, visivelmente agastada com a situação, diz que já não consegue sustentar a família com o lucro que retira da venda ambulante e apela ao Governo para que inverta o quadro.

“O peixe subiu, você vai na zunga e não ganha nada. As vezes só ganha 6 euros. O Governo tem de olhar para isso. Estamos a sofrer", afirma.

Associa-se a esta realidade a subida dos preços de energia elétrica e água potável.

Governo quer deixar de financiar a água e a luz

O Governo quer acabar com o financiamento público na área do abastecimento de água e de produção de eletricidade, garantindo a auto-sustentabilidade dos dois sectores, segundo afirmou o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.A posição surge numa altura em que já estão em vigor, desde 1 de janeiro, novas tarifas em ambos os sectores, com aumentos de preços – que chegam ao dobro – e alterações nos escalões de consumo, nomeadamente nos clientes domésticos.

“Os sectores das águas e da energia elétrica têm condições para se auto-sustentarem. A estratégia a adoptar tem de assegurar que, com receitas próprias, esses sectores se mantenham em funcionamento, garantam a execução de investimentos, a operação e a manutenção, sem necessidade de recurso ao Orçamento Geral do Estado (OGE)”, disse o ministro, citado pela imprensa.

Os vários aumentos nas tarifas de água e eletricidade, de acordo com informação do Instituto Regulador do Sector Elétrico, resultam do processo de transformação do ramo que teve início em 2015, culminando com a recente aprovação da Lei Geral de Eletricidade, mas salvaguardando “os clientes com menos rendimentos”.

Só em obras em duas barragens – Laúca e reforço de potência em Cambambe -, para produção de eletricidade e com entrada em funcionamento prevista até 2017, o Estado angolano prevê gastar 5,5 mil milhões de dólares de investimento público.

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Angola Devisen-Schwarzmarkt
Mercado paralelo de divisas numa artéria de LuandaFoto: DW/P. Borralho Ndomba