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Polícia não confirma que agentes raptaram portugueses em Maputo

Nádia Issufo20 de janeiro de 2014

Sequestradores estabelecem novo perfil para vítimas, alarmando cidadãos estrangeiros no país. Polícia ainda espera que TAP registe oficialmente o crime contra seus funcionários.

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Polizei Mosambik
Foto: E. Valoi

A onda de sequestros em Moçambique reafirma a ampliação do perfil dos alvos preferenciais das quadrilhas. A exemplo de uma cidadã portuguesa raptada na cidade da Matola no final do ano passado, mais uma vez, nesta Segunda-feira (20/01), as vítimas são dois funcionários portugueses da TAP. É o quinto rapto registado no país neste ano.

Dois funcionários da companhia aérea estavam em um taxi, quando teriam sido abordados por homens armados, com o uniforme da Polícia da República de Moçambique (PRM). A informação foi divulgada pela imprensa portuguesa e sites de notícias moçambicanos.

O chefe do Departamento de Relações Públicas da Polícia na Província de Maputo, João Machava, disse, em entrevista a DW-África, que a TAP não registou o crime.
"Soubemos deste episódio pela imprensa. Não temos nada oficial [da TAP]. Estamos a procura de nos informar junto a TAP para fazermos algo", afirmou o representante da Polícia.

Sequência de crimes

Na última Quinta-feira (16/01), uma criança de oito anos foi raptada por três homens armados na cidade da Beira, centro de Moçambique. Ela estava com a mãe em um veículo estacionado dentro da propriedade de familiares da vítima quando foi surpreendida pelos raptores.

A cidade da Beira foi palco de um dos mais trágicos episódios da onda de sequestro que já chega ao seu quarto ano. No final de Outubro passado, o adolescente Ahmad Abudul Rachid, de 13 anos, foi executado após uma negociação de resgate confusa. Um familiar tería informado à Polícia onde o dinheiro seria entregue.

Demonstration gegen Entführungen und Krieg in Maputo
Sociedade civil manifesta em Maputo contra raptos e sequestrosFoto: picture-alliance/dpa

No caso Rachid, algumas informações desencontradas indicavam que um primeiro resgate foi pago para as pessoas erradas, o que teria deixado a situação ainda mais tensa. Desde o final de 2011, o número de sequestros no país supera 45. O caso Ahmad Rachid foge do perfil dos sequestros em Moçambique pela morte do refém.

Crime organizado

Machava lembra que outros casos foram esclarecidos, pessoas foram detidas e outras, inclusive, condenadas. "Esta-se a decorrer a investigação destes dois últimos e esperamos esclarecer e levar os autores ao tribunal."

Para ele, não existe convicção de que homens armados teriam usado uniforme da polícia para sequestrar os dois funcionários da TAP. "Não há nenhum envolvimento direto comprovado, ou por via de uniforme ou pela investigação que estamos a fazer. Sabemos que houve raptos, estamos a trabalhar na investigação, mas não há nenhum indício de que há uniformes."

A vaga de raptos começou em 2011, tendo como principais vítimas empresários de origem asiática. Dois policiais foram condenados por dois sequestros na região de Maputo. Machava diz que a corporação policial tem feito um trabalho de "purificação".

"Esta purificação é feita internamente quando se descobre que alguém, ou um agente da autoridade da polícia, comporta-se com atitudes que têm ligações com o criminoso. Há casos de expulsões no ano passado e ainda, neste ano, há processos disciplinares e criminais contra alguns agentes que se envolveram em atos criminais", explica.

No final de Outubro passado, milhares de pessoas foram às ruas de Maputo e capitais de províncias para reagir aos sequestros, em manifestaçoes pacíficas sem precedentes no país. O protesto em Maputo foi liderado pela Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, associações religiosas, Fórum Mulher e entidades de classe.

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