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RENAMO nega autoria de ataques

Leonel Matia (Maputo)17 de fevereiro de 2016

Todos os partidos querem a paz. Foi a mensagem que passou na primeira sessão anual do Parlamento moçambicano, quando se multiplicam os casos de confrontos violentos entre as forças armadas do Governo e da RENAMO.

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Foto: DW/L. Matias

No próprio dia da abertura dos trabalhos parlamentares na quarta-feira, 17 de fevereiro, voltaram a verificar-se ataques, desta vez na vila de Gorongosa, na província de Sofala, centro de Moçambique.

Em Maputo, no Parlamento, o maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), negou qualquer envolvimento em ataques contra civis ocorridos neste país. A RENAMO atribuiu a autoria dos ataques às forças governamentais.

O partido desafiou o Parlamento a criar uma comissão de inquérito para investigar no terreno as circunstâncias que levaram milhares de moçambicanos da região de Tete a refugiar-se no Malawi. O Governo afirmara que as populações se viram obrigadas a fugir de ataques de elementos armados da RENAMO.

Acusação de “terrorismo de Estado”

A chefe da bancada do principal partido da oposição, Ivone Soares, acusou o Governo de provocar a instabilidade no país, para imputar a responsabilidade à RENAMO. Ivone Soares disse que os governantes estão a levar a cabo o que descreveu como sendo “terrorismo de Estado”. Acrescentou que o executivo está a inviabilizar a atividade política da oposição, e não só: “Raptar opositores num distrito e ir matá-los noutro, é terrorismo. Emboscar dirigentes da oposição para dar continuidade ao plano de assassinatos, é banditismo, é terrorismo. Cercar delegações dos partidos adversários, cortar a liberdade de reunião, manifestação e expressão, é terrorismo. Carbonizar membros dos partidos da oposição, e os membros das suas famílias, é terrorismo”.

Mosambik Parteien Ivone Soares von RENAMO
A chefe da bancada da RENAMO, Ivone Soares, acusa o Governo de "terrorismo de Estado"Foto: RENAMO

Ivone Soares reafirmou ainda a intenção da RENAMO de governar nas seis províncias onde o partido obteve o maior número de votos nas últimas eleições gerais.

Cultura de intolerância e arrogância

Para o chefe da bancada do partido da oposição, Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, a cultura de violência e intimidação das pessoas ameaça levar o país ao abismo e à destruição. Simango deu o alerta: "Mais perigoso se torna, quando os administradores, chefes de postos, assumem um papel de impedir os partidos políticos que se conformam com a lei, de exercerem as suas atividades políticas em liberdade, intimidam e perseguem os funcionários públicos e manifestam publicamente a sua simpatia com a oposição. Até chegam ao ponto de proibirem um enterro em cemitérios públicos de membros da oposição, e o acesso a água potável, e dizem: “Vão buscar a água ao vosso partido””.

Lutero Simango, Mitglied der MDM-Partei
O chefe da bancada parlamentar do MDM, Lutero Simango, denuncia uma "cultura de violência e intimidação"Foto: DW/R.daSilva

Simango apontou como causas desta situação a intolerância e a arrogância políticas, a dificuldade em aceitar a diferença de opiniões e a ausência de um discurso oficial que reconheça as liberdades dos cidadãos.

Apelo ao diálogo e à paz

Por seu lado, a chefe da bancada do partido governamental Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Margarida Talapa, apelou ao diálogo no Parlamento entre todos os partidos para assegurar um consenso: “O diálogo permanente e sem pré-condições é a única via para consolidarmos a democracia, alcançarmos a paz efetiva, e contribuirmos para o desenvolvimento deste belo Moçambique”.

A Presidente do Parlamento, Verónica Macamo (FRELIMO), interveio para dizer que os deputados devem assumir um papel importante na pacificação do país e na consolidação da unidade nacional: “A paz é o ativo mais importante e estrategicamente incontornável. Devemos tudo fazer para continuarmos a ser um país admirado internacionalmente, e atrativo ao negócio”.

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A sessão parlamentar começa numa altura em que cresce a tensão política no país, com a ocorrência de novos ataques contra viaturas civis e o rapto e assassinato de dirigentes políticos. Em Maputo, algumas embaixadas estão já a aconselhar os seus cidadãos para tomarem as devidas precauções nas zonas consideradas de risco.

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