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Países ignoram eleições presidenciais no Congo Democrático

21 de setembro de 2011

Segundo analista, estrangeiros cansaram de "investimento sem retorno de paz e democracia". Em 2006, 500 observadores internacionais acompanharam escrutínio. Organização alemã pede mais participação internacional.

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Etienne Tshisekedi, antigo primeiro-ministro da RDC, causou polêmica com candidatura às presidenciais de novembro
Etienne Tshisekedi, antigo primeiro-ministro da RDC, causou polêmica com candidatura às presidenciais de novembroFoto: AP

Onze candidatos concorrem à eleição presidencial da República Democrática do Congo (RDC) no próximo dia 28 de novembro. Na quinta-feira passada (15.09), a comissão eleitoral divulgou os nomes dos candidatos. Entre eles está o atual presidente, Joseph Kabila, um ex-chefe rebelde; e também o antigo primeiro-ministro Etienne Tshisekedi.

A candidatura de Tshisekedi causou polêmica e violentas manifestações que resultaram num morto e vários feridos no início deste mês. Além disso, os preparativos para as eleições estão atrasados, e pode ser que, por isso, o escrutínio tenha que ser adiado.

A comunidade internacional parece não estar ligando muito. Também a Alemanha mostra pouco interesse, segundo apontam analistas políticos no país europeu.

Presença internacional se resume a missão da ONU

Ao contrário de 2006, não se encontra atualmente soldados e jornalistas alemães na República Democrática do Congo. Há cinco anos atrás, a comunidade internacional acompanhou intensivamente as eleições presidenciais no país situado no centro da África, com cerca de 500 observadores internacionais da União Europeia e da União Africana, por exemplo. A Bundeswehr, ou Exército alemão, participou com um contingente de 780 soldados da tropa de combate europeia EUFOR.

Hoje, apenas as Nações Unidas estão presentes na RDC e deverão garantir a segurança do escrutínio.

Presidente Joseph Kabila também concorrerá à reeleição. Imagem mostra Kabila após a eleição de 2006
Presidente Joseph Kabila também concorrerá à reeleição. Imagem mostra Kabila após a eleição de 2006Foto: picture alliance /dpa

Andreas Mehler é diretor do instituto de pesquisas geopolíticas GIGA, com sede em Hamburgo, norte da Alemanha. Segundo ele, a eleição presidencial de novembro na RDC não é mais uma prioridade para a Alemanha porque, "desde 2006, constatou-se que o empenho não resultou no retorno esperado em forma de paz e democracia. E acho que os doadores daquela época cansaram de investir enormes somas de dinheiro que não trazem resultados".

De acordo com o pesquisador, no leste da RDC, saques, sequestros, assassinatos e estupros em massa fazem parte do terrível cotidiano há mais de uma década. Grupos rebeldes dominam especialmente as províncias de Kivu Norte e Kivu Sul.

Além disso, a comunidade internacional não teria mais tanto dinheiro por causa de uma série de crises econômicas – e vários conflitos atuais no continente africano, como na Líbia, teriam desviado o foco dos tomadores de decisão para outros lugares que não a RDC.

Violências pós-eleitorais preocupam observadores

Só que a organização alemã de defesa dos direitos humanos Genocide Alert não vê a situação desta forma. Numa carta aberta a todas as frações partidárias do Parlamento alemão, a Genocide Alert exigiu maior participação da Alemanha no escrutínio presidencial congolês.

É que tanto a comissão eleitoral do país africano, assim como a missão da ONU no país, estão atrasadas com os preparativos da eleição, que poderia até ser adiada.

E, entre os assuntos que preocupam observadores, estão possíveis violências pós-eleitorais. Em 2006, Michel Lountoumbué observou a eleição presidencial de perto. Hoje, ele trabalha para o Grupo de Pesquisa e Informação para a Paz e a Segurança (GRIP, do francês), em Bruxelas.

Para Lountoumbué, não é de hoje que as eleições na RDC trazem problemas: “Existem constantes nos processos políticos da RDC, o que já pudemos observar em 2006, quando aconteceram as primeiras eleições gerais e plurais no país desde a independência", lembra. "A eleição foi marcada por tensões antes e depois do escrutínio. A grande pergunta agora é se a oposição é capaz de usar e puxar para si a insatisfação de uma parte da população", avalia Lountoumbué.

Autoras: Katrin Herms / Renate Krieger
Edição: António Rocha