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"Cabindeses não se sentem livres", afirma Adolfina Mavungo

Nelson Sul de Angola (Benguela)25 de junho de 2015

Adolfina Mavungo, esposa do ativista dos Direitos Humanos, José Marcos Mavungo, detido pelas autoridades em Cabinda, deu uma conferência de imprensa em Benguela, onde falou sobre a situação do seu esposo na prisão .

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Adolfina Mavungo
Foto: DW/N. Sul de Angola

Adolfina Mavungo, esposa do ativista dos Direitos Humanos José Marcos Mavungo, detido pelas autoridades em Cabinda há mais de 3 meses, deu na manhã desta quinta-feira (25.06) uma conferência de imprensa onde falou sobre a situação carcerária do seu esposo e dos Direitos Humanos em Cabinda, em particular, da perseguição dos ativistas no enclave angolano.

Estado de saúde de Marcos Mavungo degrada-se

Na conferência de imprensa que teve lugar na provincia de Benguela, a convite da ONG OMUNGA, Adolfina Mavungo, começou por falar do estado de saúde do seu esposo. Segundo ela, a situação clínica de José Marcos Mavungo é bastante preocupante, agravando-se a cada dia que passa. Por outro lado, insistiu que o único ''crime'' que o esposo cometeu foi ter apelado ao governo angolano para pôr fim ao sofrimento do povo de Cabinda:

“O Marcos continua a tomar diáriamente vários comprimidos porque o seu estado de saúde se degrada permanentemente. Por outro lado, as condições de salubridade onde ele se encontra são más. Ele está preso num corredor da cadeia onde já chegou a passar três dias sem tomar banho apesar do calor insuportável no local. Ele está preso por ter cometido o crime de defender o povo de Cabinda”, destacou Adolfina Mavungo.Desde que o seu esposo foi detido pelas autoridades, Adolfina Mavungo conta que são várias as dificuldades que tem enfrentado com os sete filhos. Neste momento vive praticamente de caridade. Para agravar ainda mais a situação, a empresa petrolifera norte-america Chevron, onde o ativista trabalha, cancelou o salário do esposo. “Até este momento estou a viver com a ajuda de pessoas de boa fé. Algumas passam para me visitar e sempre deixam um envelope com algum dinheiro. É assim que eu e os meus filhos estamos a viver, no meio de muitas dificuldades”.

Adolfina Mavungo und José Patrocínio
Foto: DW/N. Sul de Angola

"Bento Bembe admitiu que a prisão do meu marido é ilegal"

Na luta para ver o marido em liberdade, Adolfina Mavungo efetuou várias diligências junto das autoridades governamentais. Manteve um encontro com o secretário de Estado para os Direitos Humanos, António Bento Bembe, de quem teria recebido garantias da libertação do ativista, mas até ao momento nada de concreto como afirmou na conferência de imprensa. “O próprio senhor Bento Bembe reconheceu e até teve a coragem de dizer que a detenção do meu marido é ilegal. Também, o Procurador-geral declarou a mesma coisa. Pelo facto não entendo que apesar dessas declarações até hoje o Marcos Mavungo continua na prisão”.

Há 4 meses que os filhos menores têm procurado saber sobre o paradeiro do pai. A resposta de Adolfina Mavungo tem sido a mesma desde há 4 meses: “Ele continua na prisão apesar de não ter cometido nenhum crime. Mas vai ser libertado porque é uma pessoa inocente”.Tal como outras figuras do enclave e não só, a mulher do ativista Marcos Mavungo fala da inêxistencia dos direitos humanos em Cabinda, tendo mesmo considerado que os cabindeses vivem numa condição de prisioneiros. “Os cabindeses não se sentem livres porque ninguém pode criticar o governo, não podemos denunciar as irregularidades...não podemos dizer nada. É muito triste", lamentou Adolfina Mavungo.

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