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Governo reforça presença militar no país

Cristina Krippahl*31 de março de 2016

A RENAMO tinha anunciado que passaria a governar as seis províncias onde alega ter vencido as eleições parlamentares de 2014 a partir do fim de março. Um objetivo pouco provável quando aumenta a violência em Moçambique.

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Foto: E. Valoi

Chegou ao fim esta quinta-feira, 31 de março, o prazo dado pela RENAMO para iniciar a governação nas seis províncias onde reclama vitória eleitoral. Mas o maior partido da oposição parece não ter os meios necessários para concretizar os planos.

O porta-voz do Partido da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), António Muchanga, recusou-se a comentar para a DW África se a RENAMO tem a capacidade de levar à frente o seu propósito nas presentes circunstâncias.

Muchanga limitou-se a reafirmar as intenções do maior partido da oposição nesse sentido, sublinhando, no entanto, que a RENAMO não vai empregar a força para alcançar o objetivo. E lembrou: "Neste momento há confrontos muito feios em várias zonas do país. Há confrontos em Tete, há confrontos na Gorongosa. Houve confrontos em Inhambane. O que significa que o povo entende claramente que o prazo pode não ter sido cumprido por causa dessa situação. Porque é preciso defender vidas humanas antes de tudo".

Governo reforça presença militar

Mosambik Angriff auf Bus
Repetem-se os ataques de homens armados alegadamente da RENAMO contra civis, aqui a 23 de março em MuxunguéFoto: DW/A. Sebastião

Observadores independentes vêem, no entanto, outros obstáculos à implantação dos planos de governação da RENAMO. Muitos dos quadros administrativos das localidades nos baluartes do partido da oposição abandonaram os seus cargos mercê dos conflitos entre a RENAMO e as forças de ordem do Governo de Maputo.

Em Muxungué, o correspondente da DW África, Arcénio Sebastião, constatou uma importante movimentação de colunas de carros de combate militares: "Soube que a coluna que veio de Save teve confrontos com os alegados homens da RENAMO. A outra, de Caia e Nhamapaza, ainda hoje também teve confrontos".

Segundo Arcénio Sebastião, há indício de que unidades militares do Governo tentam, desde a tarde de 30 de março, chegar à residência do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, na base militar de Satunjira: "Anunciam-se confrontos militares lá em Gorongosa", prevê o jornalista.

Alegado ataque da RENAMO

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Civis em fuga acusam as forças de ordem e o partido do Governo, a FRELIMO, de violência e perseguiçãoFoto: DW/A.Zacarias

No terreno na província de Sofala, o correspondente da DW não tem dúvidas de que a multiplicação das atividades militares do Governo está diretamente relacionada com o anúncio da RENAMO de que assumirá a governação nas seis províncias onde alega ter vencido as eleições parlamentares de 2014.

"As principais estradas já estão todas cheias de militares, militares que provavelmente têm a missão de cancelar qualquer governação que for a acontecer tal como a RENAMO anuncia", diz Arcénio Sebastião.

Mas tudo indica que, não obstante as repetidas afirmações da RENAMO e do Governo de que estão na disposição de negociar, a violência parte dos dois lados. Esta manhã foi atacado um autocarro de passageiros perto de Nhamatema no distrito de Barué na província de Manica por homens armados, que a polícia suspeita de serem membros da RENAMO.

Em Chimoio, a porta-voz do comando provincial da polícia de Manica, Elsídia Filipe disse: "Do ataque não registámos óbitos, mas confirmamos o registo de um ferido ligeiro. Este passageiro acabou contraindo escoriações provocadas pelos estilhaços de vidro".

Jornalistas impedidos de trabalhar

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Não há, no entanto, confirmação independente para a autoria do ataque.

Segundo o correspondente da DW em Chimoio, Bernardo Jequete, os jornalistas foram impedidos de cumprir a sua missão: "Eu queria falar com dois passageiros, mas disseram para não falar com os passageiros. Proibiram. Na altura, disseram que só poderia falar a polícia".

A escalada de confrontos, a multiplicação de incidentes violentos e as acusações mútuas não indicam que esteja para breve um diálogo em Moçambique.

* com Arcénio Sebastião e Bernardo Jequete

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