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O "paraíso" da Gorongosa e a investidura de Kenyatta em foco nos jornais alemães

Helena Ferro de Gouveia12 de abril de 2013

Esta semana a imprensa alemã destaca a tomada de posse do novo presidente queniano Uhuru Kenyatta, a onda de choque provocada pelo golpe de Estado em Bangui e o paraíso reencontrado na Gorongosa.

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Revista de imprensa
Revista de imprensaFoto: Fotolia

"Até à véspera manteve-se o suspense: vem Omar al-Bashir?" nota o Süddeutsche Zeitung. O presidente do Sudão Omar Al-Bashir é alvo de um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) na sequência do conflito do Darfur. O Quénia recusou-se a efetivar o mandato contra o presidente do Sudão, mesmo que este comparecesse na cerimónia de investidura do novo presidente queniano Uhuru Kenyatta, que teve lugar no dia 9 de abril. "Bashir acabou por não estar presente e poupou ao seu colega em Nairobi um embaraço" sublinha o Süddeutsche Zeitung. Uhuru Kenyatta filho do "pai fundador" do Quénia, Jomo Kenyatta, é o segundo presidente em exercício de funções indiciado pelo TPI por crimes contra a humanidade. O TPI considera-o um instigador da violência pós-eleitoral de 2007, que além das mortes obrigou ao encerramento de uma rota comercial considerada vital. Kenyatta tem cooperado com o TPI e por isso escapou a um mandato de captura internacional.

Kenia Uhuru Kenyatta Vereidigung
O novo presidente do Quénia Uhuru Kenyatta acena aos convidados presentes na sua tomada de posseFoto: Reuters

O Berliner Zeitung escreve que com esta tomada de posse "o Quénia regressa à normalidade". O diário aponta ainda que não se repetiram as violências de 2007 e que o novo presidente se comprometeu a "servir todos os quenianos".

Tensão mantém-se em Bangui

Umsturz in der Zentralafrikanischen Republik Seleka Rebell
Rebeldes Seleka tomaram o poder na República Centro-Africana e têm intimidado a populaçãoFoto: AFP/Getty Images

" A onda do choque de Bangui" titula o Die Tageszeitung referindo-se ao número de refugiados que não para de aumentar desde o golpe de Estado de 24 de março na República Centro-Africana. "Trinta e cinco mil pessoas já fugiram para a República Democrática do Congo após os rebeldes terem derrubado François Bozizé. Eles juntam-se assim aos treze mil refugiados já recenciados pelas Nações Unidas", escreve o jornal.

O novo homem forte da República Centro-Africana, Michel Djotodia, líder da coligação rebelde que tomou Bangui e levou à fuga do Presidente, François Bozizé, para os Camarões, suspendeu entretanto a Constituição e as instituições e vai legislar por decreto.

“Considero necessário suspender a Constituição de 27 de Novembro de 2004, dissolver a Assembleia Nacional e o Governo. Neste período de transição que nos conduzirá a eleições livres, credíveis e transparentes, vou legislar por decreto”, disse numa declaração, na segunda-feira à noite. O período de transição deve prolongar-se por três anos.

Djotodia anunciou também a instauração de recolher obrigatório e patrulhamentos para normalizar a situação na capital, palco de violência e pilhagens nos últimos dias. Entre os edifícios pilhados estão as instalações dos Médicos sem Fronteiras.

O paraíso na Gorongosa

20 Jahre Frieden Mosambik
Parque Natural da GorongosaFoto: Marta Barroso

Greg Carr enriqueceu com o voice mail e agora está a usar a fortuna para restaurar o Parque Nacional da Gorongosa. Numa longa reportagem publicada pelo Süddeutsche Zeitung conta a história de um lugar emblemático. "O Parque da Gorongosa foi criado pelos portugueses e no seu auge, a década de 70, era considerado com um dos parques de vida selvagem mais bonitos de África. A velha glória está registada em fotografias antigas", escreve o jornal, acrescentado que anulamente mais de vinte mil visitantes vinham apreciar os leões moçambicanos. Depois de anos gloriosos, em que a Gorongosa chegou a ser descrita como "chave para a vida" - numa reportagem da National Geographic, de 1972 , os 16 anos de guerra civil moçambicana deixaram um rasto de destruição.

Outrora uma das zonas de maior densidade de vida selvagem em África, a Gorongosa foi palco de sucessivos massacres durante a guerra civil (1976-1992) e nos dois anos que se seguiram até à realização das primeiras eleições multipartidárias: os animais de grande porte quase desapareceram. Mas isso não desencorajou Greg Carr que já investiu 20 milhões de dólares no parque, introduzindo animais, melhorando infraestruturas e as condições de vida da população local. Os desafios continuam a ser muitos, as alterações climáticas levam a que haja menos água nos rios e alguns dos animais trazidos da África do Sul foram abatidos por caçadores ilegais. Por vezes as populações aceitam os incentivos financeiros mas continuam a praticar caça furtiva", diz. Mas desistir não faz parte do vocabulário deste americano escreve o Süddeutsche Zeitung.

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