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O julgamento dos 17 ativistas angolanos nas redes sociais

Manuel Ribeiro26 de novembro de 2015

Desde a "máscara" da Procuradora ao impedimento do uso de telemóveis por parte dos jornalistas - com o julgamento dos 15+2 ativistas acusados de prepararem uma rebelião, há muitos temas para comentar nas redes sociais.

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Prozess gegen Aktivisten in Angola
Foto: Reuters/H. Corarado

O caso dos 15+2 é tido como um dos mais mediáticos na história de Angola. Como tal, está a ser seguido a par e passo nas redes sociais. Um dos assuntos mais comentados tem sido a identidade da Procuradora presente nas audiências dos ativistas.

"A Procuradora está a usar uma máscara que ninguém sabe quem está aí escondida", disse, na semana passada, um dos advogados de defesa, David Mendes. "A Procuradora representa o Estado e o Estado não se pode esconder."

A "máscara" de que Mendes falava está, tudo indica, relacionada com o penteado da Procuradora, que cobre parte do seu rosto.

O assunto atiçou a discussão nas redes sociais como fogo em palha seca.

Foi inclusive criada a "hashtag" #tapacara, com caricaturas do estilo apresentado pela Procuradora:

Pés descalços em sinal de protesto

Outra situação que mereceu destaque nas redes sociais foi a entrada dos arguidos descalços na sala do tribunal, no primeiro dia do julgamento.

O gesto foi uma forma de protesto contra o alegado excesso de tempo de prisão preventiva, segundo a agência de notícias Lusa. O ativista Luaty Beirão revelou que os jovens detidos estiveram cinco meses à espera de botas "que deviam ter sido distribuídas aos prisioneiros e chegaram apenas na madrugada do dia do julgamento."

No Facebook, alguns leitores cabo-verdianos lembraram o Dia dos Pés Descalços, que se celebra no país em memória da cantora Cesária Évora (conhecida como a "Diva dos Pés Descalços"). Um internauta notou que, durante o tempo colonial, os pés descalços eram conotados com um estatuto de inferioridade, mas hoje tornaram-se um símbolo de liberdade.

No primeiro dia do julgamento, para além de entrarem na sala de audiências com os pés descalços, alguns dos chamados "revús" escreveram também palavras de ordem na farda prisional. Essa situação valeu-lhes um novo processo judicial.

Prozess gegen Aktivisten in Angola
Foto: picture-alliance/dpa/P. Juliao

Nas redes sociais, o julgamento tem sido igualmente alvo de críticas devido ao dispositivo de segurança montado à porta do tribunal. Relatos dão conta de repressão policial a quem pretendia mostrar apoio aos detidos. Vários diplomatas estrangeiros tentaram assistir ao julgamento, mas o acesso foi-lhes vedado.

Jornalistas impedidos de usar computador e telemóveis na sala de imprensa

Por último, a imprensa queixa-se da falta de condições no tribunal.

Segundo o portal de informação Rede Angola, citado pela Central 7311, "o tribunal disponibilizou uma sala para a imprensa acompanhar através de televisão o que se passa nas audiências. O leitor, no entanto, não pode saber o que os jornalistas estão a acompanhar, já que para entrar na tal sala, não se pode levar telemóveis e computadores."

No mural da Central 7311 no Facebook tem havido atualizações constantes sobre o desenrolar do julgamento.

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