Nuno Nabiam adia decisão sobre impugnação dos resultados na Guiné-Bissau
21 de maio de 2014
As atenções estão agora viradas para a candidatura de Nuno Nabiam que continua a ameaçar impugnar os resultados divulgados, quarta-feira (20.01), pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
O candidato derrotado adiou para quinta-feira (22.05) a declaração que estava prevista para esta quarta-feira (21.05) para esclarecer se vai ou não impugnar os resultados. Também José Mário Vaz adiou à última hora a conferência de imprensa. Não foi dada qualquer explicação para os dois adiamentos.
A inquietação é grande no seio da população. Nuno Nabiam concorreu com o apoio do PRS (Partido da Renovação Social), que esteve ligado ao Governo de transição e contestou os resultados das eleições presidenciais de 2012, que foram interrompidas pelo golme militar de 12 de abril.
O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), vencedor das presidenciais e legislativas, pediu que as manifestações de rua cessem até uma nova ordem.
A diretoria de campanha de Nuno Gomes Nabiam ameaçou impugnar os resultados da segunda volta: "não reconhecer esses resultados porque não traduzem aquilo que foi a expressão da vontade popular manifestada nas urnas", afirmou o porta-voz Joaquim Baldé. "Nessa medida, irá-se proceder à sua impugnação perante as instâncias competentes. Em muitas regiões do país, foram registadas fraudes graves que põem em causa a transparência e a justeza do proceso e dos resultados eleitorais", justificou Joaquim Baldé.
No entanto, antes da votação, o próprio Nuno Nabiam se tinha comprometido aceitar os resultados saídos das urnas. "Vamos ter que ter a coragem, porque em democracia de facto é assim, de aceitar os resultados que saiam das urnas. Eu estou convicto que da minha parte, da minha diretoria de campanha, vamos saber respeitar a vontade expressa pelo povo da Guiné-Bissau", disse anteriormente Nuno Nabiam.
Forças Armadas garantem submissão
Em comunicado entregue à imprensa, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, António Indjai, já felicitou José Mário Vaz, tendo afirmado que os militares vão respeitar o veredito saído das urnas por ser "a vontade expressa do povo" e apelou à calma da população.
António Indjai declarou ainda que não existe no país "nenhuma situação alarmante" e que as Forças Armadas "estão submissas ao poder político".
Missões internacionais saúdam processo eleitoral
Todas as missões de observadores eleitorais validaram a segunda volta das presidenciais, no domingo (19.05), deixando antever novas perspectivas para a Guiné-Bissau no plano internacional.
"Há unanimidade entre os diversos observadores, nacionais e internacionais, de que as coisas correram bem. Portanto, os números anunciados traduzem a vontade popular", garantiu Leonardo Simão, chefe da missão de observadores da CPLP.
Leonardo Simão, entende que agora "os órgãos eleitos têm a legitimidade democrática necessária", pelo que "estão criadas as condições para que a Guiné-Bissau retome o seu lugar merecido no seio da CPLP".
O movimento "República de Mininus", que congrega mais de 300 organizações não-governamentais, pediu que seja respeitada a vontade do povo para não agudizar ainda mais o sofrimento das crianças.