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Nova tática criminosa preocupa moradores de Nampula

Sitoi Lutxeque (Nampula)
25 de março de 2017

Moradores da cidade do norte de Moçambique denunciam que ladrões se passam por mototaxistas para efetuar roubos e até sequestros. Polícia diz que aumentou reforços na segurança por meio de operações especiais.

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Uma das ruas no centro da cidade onde é mais comum a ação dos criminosos que se fazem passar por mototaxistasFoto: DW/S.Lutxeque

Na capital da província de Nampula, no norte de Moçambique, está a aumentar, nos últimos meses, uma nova tática de crime. Os ladrões se passam por mototaxistas, assaltam e agridem cidadãos. Muitos habitantes estão aterrorizados e acusam a polícia de inoperância. Mas as autoridades garantem que estão a combater os criminosos.

A vendedora informal Sara Orlando, de 32 anos, reside no bairro de Muataunha e recentemente foi roubada por um homem que, segundo ela, conduzia um mototáxi.

"Um dia veio um mototaxista à minha casa. Diz que queria comprar óleo [alimentar], quando entrei para ir buscar um vasilhame para colocar o líquido, ele roubou o recipiente que continha todo o produto e pôs-se em fuga", lamentou.

Bairros mais perigosos

Na cidade de Nampula, os bairros de Namicopo, Namutequeliua e Mutauanha são apontados pelos cidadãos como sendo locais onde ocorrem mais roubos e agressões físicas, tanto em residências, como nas vias públicas.

Sara diz ainda que "os condutores de mototáxi, aqui em Nampula, estão a envolver-se cada vez mais em atos de criminalidade". A ousadia dos criminosos é tanta que, de acordo com a vendedora, eles "raptam as pessoas nas suas casas e à noite regressam ao local para roubar os seus bens".

Mosambik Motorräder
Motas apreendidas pela polícia durante operação contra a ação dos falsos mototaxistas em NampulaFoto: DW/S.Lutxeque

Preocupada com o aumento da criminalidade, a moradora de Mutauanha pede a atuação célere da polícia.

"Se eles [agentes da polícia] estão a trabalhar, ainda não estamos a ver. Por isso estamos a pedir para ficarem em alerta com esses mototaxistas, caso contrário a criminalidade não vai acabar'', concluiu.

Alerta

O mototaxista Victor Ernesto, que trabalha em Nampula, refere que há pessoas que se fazem passar por mototaxistas, mas revela que há casos de alguns colegas de profissão que entraram para o mundo da criminalidade, em vez de trabalharem para ganhar a vida com "mérito". 

"Num sítio onde corre dinheiro, cada pessoa tem a sua maneira de pensar. Mas existem também pessoas de má-fé que nos levam para um caminho, sem saber que lá existem redes [criminosas] e nós ficamos preocupados. Por isso a polícia deve estar atenta principalmente à noite, porque até os próprios taxistas são tirados à força das suas motas por malfeitores".

Nova tática criminalidade Nampula - MP3-Mono

Polícia diz ter reforços

O porta-voz da polícia em Nampula, Zacarias Nacute, em entrevista à DW África, confirmou que este novo tipo de criminalidade está a aumentar, mas assegura que a corporação redobrou os esforços visando acabar com os roubos e as agressões aos cidadãos.

"A Polícia da República de Moçambique, juntamente com o Conselho Municipal da Cidade de Nampula, vem realizando continuamente operações no sentido de aferir as legalidades das motorizadas", garantiu Nacute.

Durante as operações, a polícia verifica as licenças de circulação, assim como o tipo de serviço prestado pelo condutor da mota, que, segundo o porta-voz da polícia, "nem sempre são de transportar pessoas, mas aproveitam-se das motorizadas para efetuar roubos ao nível da nossa urbe".

Semanalmente, a polícia em Nampula tem apreendido em média mais de 150 motas em situações irregulares, incluindo por falta de documentos. Grande parte tem sido furtada e está na posse de pessoas que dizem ser mototaxistas.

"Temos sempre interpelado essas motorizadas e conduzido ao nosso comando e que só são recuperadas mediante a regularização, por parte dos documentos e apresentação de capacete de segurança", afirmou.