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No Niassa, 47 em cada 100 crianças sofrem de desnutrição

Manuel David (Lichinga)7 de julho de 2015

Na província do Niassa, no norte de Moçambique, o problema da desnutrição crónica afeta 30% da população, apesar de esta zona ser das maiores produtoras agrícolas do país.

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Foto: Estácio Valoi

A província do Niassa, em Moçambique, é uma das maiores produtoras de alimentos no país. Apesar disso, a região é gravemente afetada pelo problema da desnutrição crónica: mais de um milhão e 500 mil habitantes, na sua maioria crianças com menos de cinco anos de idade, sofrem com este fenómeno.

Este problema é mais visível nas zonas rurais, onde o acesso aos cuidados de saúde ainda é deficitário. Estima-se que 47 em cada 100 crianças sofram de desnutrição crónica nesta província.

A percentagem de pessoas atingidas pela nutrição deficitária poderá atingir os 30%, segundo os especialistas. O governo provincial afirma que pretende alterar esta realidade com o apoio dos seus parceiros de cooperação.

“Elaborámos um plano, e os resultados obtidos mostram que na província do Niassa a taxa de desnutrição crónica está nos 30%”, afirma Eusébio Tumuitikile, diretor provincial de agricultura do Niassa. “A nossa meta é reduzir este número para 16% até 2019. Neste quinquénio uma das grandes prioridades para o Governo é a redução da taxa de insegurança alimentar.”

É importante promover a educação nutricional nas comunidades

Edgar Ussene, coordenador provincial da We Effect, uma organização sueca de cooperação que atua no Niassa, avançou que, para maior efetivação da ação, é preciso informar os camponeses e aconselhá-los melhor acerca da produção de alimentos e sobre questões de nutrição.

“Para além de contribuírem para o aumento da produção e produtividade, também contribuem para aquilo que é a educação nutricional, isto é, pretende-se conciliar a produção e a nutrição. Não só saber produzir mas também saber combinar os alimentos para que estes possam contribuir para a nutrição das famílias camponesas”, diz Ussene.

Eusébio Tumuitikile acredita que, para melhor concretização do plano de redução da desnutrição crónica na província do Niassa, é necessária uma planificação conjunta das atividades a serem implementadas. Além disso, é importante que se promova a educação nutricional no seio das comunidades.

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“Estamos a promover algumas feiras de gastronomia com vista a dotar a população de capacidades de confeção de alimentos nutritivos para as nossas crianças. São várias as questões que estão inscritas no nosso plano estratégico de redução da desnutrição crónica ao nível da província, e queremos fazer anualmente cada actividade para a redução da desnutrição crónica”, declara o diretor provincial de agricultura do Niassa.

Nesta província moçambicana, os distritos de Mavago, Lago, Sanga e Muembe são tidos como os mais vulneráveis ao fenómeno da desnutrição.

Dados oficiais indicam que mais de 40% das crianças moçambicanas sofrem deste problema e pelo menos 80 mil morrem anualmente em todo país.

O ministro moçambicano da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, admitiu recentemente que, 40 anos após a independência de Moçambique, a desnutrição crónica constitui ainda um grande desafio para o Governo, e apontou a guerra civil como um dos fatores que contribuíram para o agravamento dos índices da pobreza no país.