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Médicos Sem Fronteiras condenam resposta lenta ao ébola

Julius Kanubah/AFP/RTR/Lusa/mjp23 de março de 2015

Um ano depois do anúncio oficial do início da epidemia na África Ocidental, a organização Médicos Sem Fronteiras lamenta que a comunidade internacional não tenha agido mais depressa. "Meses e vidas perderam-se".

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Foto: Reuters/Misha Hussain

Um relatório da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), divulgado esta segunda-feira (23.03), lamenta que a comunidade internacional tenha respondido lentamente ao surto de ébola que, em um ano, matou mais de 10 mil pessoas. Ao todo, foram registados cerca de 25 mil casos desde que a epidemia foi identificada pela primeira vez, em março de 2014, sobretudo na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

Para os MSF, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não respondeu de forma rápida e adequada. O relatório acusa, por exemplo, a organização de ignorar apelos desesperados de ajuda por parte de técnicos na Libéria, em junho de 2014. Contactada pela agência noticiosa France Press, a OMS não quis comentar o documento.

Novo caso de ébola na Libéria

Nas vésperas de se assinalar um ano desde o início do surto, um novo caso de ébola na Libéria deitou por terra as esperanças de declarar o país livre da epidemia. As autoridades nacionais anunciaram na sexta-feira (20.03) que uma mulher foi contaminada com o vírus na capital, Monróvia. A Libéria não registava um novo caso de ébola há 27 dias e esperava atingir os 42 do período de incubação estabelecido pela OMS para declarar o país livre do surto.

Francis Kateh, vice-director do Sistema de Gestão da Incidência de Ébola na Libéria, diz que o novo caso sublinha a necessidade de vigilância permanente da população no combate ao vírus. "O ébola não será eliminado enquanto não for totalmente erradicado. Temos de continuar a pôr em prática os mecanismos de prevenção".

Guinea MSF Ärzte ohne Grenzen Einsatz gegen Ebola
Equipa dos Médicos Sem Fronteiras em Gueckedou, na Guiné-ConacriFoto: Amandine Colin/Ärzte ohne Grenzen

Entretanto, na Serra Leoa, o Presidente Ernest Bai Koroma proibiu os seis milhões de habitantes do país de saírem de casa entre 27 e 29 de março, para evitar a propagação do vírus do ébola. Durante esse período, profissionais de saúde vão efetuar buscas porta a porta para identificar pessoas infetadas em várias regiões do país.

"A campanha vai proporcionar uma oportunidade às comunidades para se envolverem diretamente no objectivo de atingir os zero casos e refletirem e rezarem pela erradicação desta doença no nosso país", afirmou Koroma.

Populares continuam a negar doença

Na Guiné-Conacri, profissionais de saúde e responsáveis da luta contra o ébola afirmam que uma quarta onda da epidemia está atualmente a atingir o país, com o número de casos a aumentar em diversas áreas.

De acordo com Jerome Mouton, diretor dos MSF na Guiné-Conacri, os problemas de fundo continuam a ser os mesmos. Enquanto não forem dados passos maiores para obter a cooperação das comunidades locais, a doença continuará a afetar o país.

"O principal obstáculo à erradicação desta epidemia é, na verdade, a própria Guiné-Conacri", diz Mouton. "Aqui, ao contrário do que acontece na Libéria e na Serra Leoa, há populares que continuam a negar a doença e há pessoas que escondem os infetados e recusam ser identificadas."

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De acordo com vários analistas, o plano de atingir os zero casos de ébola em abril é irrealista – só no final de 2015 se deverá registar uma diminuição acentuada da epidemia na África Ocidental.