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Moçambique continua longe dos Objetivos do Milénio

Joana Rodrigues1 de junho de 2015

Moçambique tem feito progressos no combate à mortalidade infantil e materna, e na luta contra o VIH/SIDA e a malária, mas continua longe das metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio para 2015.

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As cheias na Zambézia aumentaram o número de casos de malária, cólera e doenças respiratóriasFoto: FAO Mosambik

Moçambique tem registado progressos no setor da saúde, mas ainda está longe de atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) propostos pelas Nações Unidas (ONU).

As altas taxas de VIH/SIDA, de malária e de mortalidade infantil e materna continuam a representar grandes desafios para o país. Estima-se que 90 crianças sejam infetadas todos os dias com o vírus do VIH/SIDA apenas através da transmissão vertical de mãe para filho.

As disparidades entre regiões também são notórias. Segundo a ONU, uma criança em Cabo Delgado tem quase três vezes mais probabilidade de morrer antes dos 5 anos do que uma em Maputo.

Daniel Kertesz, representante da Organização Mundial de Saúde em Moçambique, referiu à DW África alguns dos progressos que o país tem feito e alguns dos desafios que ainda tem pela frente.

“Temos feito muitos progressos na redução da mortalidade infantil, mas ainda temos muito para fazer na área da redução da mortalidade materna, e na redução da mortalidade e morbilidade ligadas a outras doenças, como o VIH/SIDA, a malária e a tuberculose. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio têm sido muito importantes para nós para focalizarmos todos os nossos esforços e para unir o Governo e os parceiros com vista à melhoria da saúde aqui no país”, refere Kertesz.

Daniel Kertesz, WHO-Vertreter in Mosambik
Daniel Kertesz considera que é necessário reforçar o sistema de saúde para combater as insuficiênciasFoto: WHO

O médico destaca o aumento da vacinação como uma das intervenções mais importantes que tem sido feita no combate à mortalidade infantil. “Também oferecemos mais intervenções ao nível comunitário e aumentámos o número de equipas que fazem estratégia de outreach, ou seja, que vão até às comunidades e aos bairros mais periféricos para vacinar as crianças.”

A UNICEF anunciou que durante a Semana de Saúde, iniciada a 18 de maio de 2015, mais de 4 milhões de crianças até aos 5 anos iriam receber vacinas e suplementos de vitamina A, e seriam conduzidas mais de 500 mil sessões de planeamento familiar.

Mortalidade materna ainda é muito elevada

Mas, segundo Kertesz, ainda há muito para ser feito, principalmente para reduzir a mortalidade materna, que tem registado progressos menos significativos. “Há uma série de intervenções que são muito importantes e sobre as quais ainda temos de trabalhar: a primeira é melhorar a disponibilidade de um parto institucional. A maioria dos problemas que provocam a mortalidade materna estão ligados a emergências que ocorrem durante o parto, e por isso estes têm de ser assistidos por profissionais qualificados e numa local com equipamentos adequados. Também temos de fazer mais aqui em Moçambique para disponibilizar métodos modernos de planeamento familiar.”

Segundo a OMS, a taxa de mortalidade infantil diminuiu de 153 mortes a cada 1000 nados-vivos em 2003, para 72 por cada 1000 em 2014. A mortalidade materna também diminuiu, mas ainda morrem 480 mulheres em cada 100 mil. A crescente malnutrição nas crianças é outro dos problemas mais urgentes.

Rogerio Roque Amaro
Rogério Roque Amaro considera que Moçambique ainda tem um longo caminho a percorrerFoto: Hugo Cruz

A taxa VIH/SIDA continua muita elevada, e estima-se que esta doença afecte 11.5% da população. A malária também continua a ser das principais causas de morte, responsável por 29% das mortes no país. Moçambique é considerado um país com um risco muito elevado em termos de doenças infecciosas, como a hepatite A ou a dengue. Todos estes fatores afetam a expectativa de vida, que neste momento se situa nos 52 anos.

Rogério Roque Amaro, economista e professor no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE – IUL), defende que o país necessita de um grande reforço no sistema de saúde.

“Moçambique tem graves carências e défices ao nível do sistema de saúde, por isso continua a ter problemas de malária e de VIH/SIDA não acompanhados, continua a ter taxas de mortalidade infantil elevadas e riscos de morbilidade nas mulheres parturientes. A situação é muito problemática e os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio estão longe de serem alcançados.”

O economista acrescenta que “Moçambique tem de investir numa política de desenvolvimento que inclua uma política de saúde mais integrada e que permita melhorar a situação nas diferentes províncias, qualificar os recursos humanos da saúde e qualificar as infra-estruturas. Há ainda um grande caminho a percorrer.”

Falta de médicos e de infra-estruturas travam os avanços na saúde

A OMS concorda que tem de ser feito mais para acabar com as carências em termos de recursos humanos e de infra-estruturas. Em 2014, só havia 1 médico para 22 mil habitantes.

“Temos uma grande carência de médicos e enfermeiros. Precisamos de mais centros de saúde e precisamos de mais hospitais periféricos. Ainda não acabámos o trabalho dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, e temos muito que fazer para melhorar a saúde. Precisamos de um bom sistema de saúde”, diz Daniel Kertesz.

O Governo moçambicano tem destinado mais verbas para o setor da saúde, mas estas ainda não são suficientes para cobrir todas as carências que afetam a população.

Moçambique continua a ser um dos países com Índice de Desenvolvimento Humano mais baixo do mundo: em 187 países, ocupa a posição número 178.

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