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Moçambique quer voltar a ser um grande produtor de castanha de caju

18 de maio de 2011

Há 40 anos, Moçambique chegou a ser o maior produtor mundial de castanha de caju, com uma produção comercializada de 216 mil toneladas anuais. Agora o país a está a redobrar esforços para recuperar os níveis dos anos 70

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Caju (aqui à venda num mercado em Maputo) já foi uma das grandes riquezas de Moçambique.Foto: Ismael Miquidade

Moçambique está a fazer investimentos no setor do caju. Muitas áreas com potencial para este tipo de cultura, incluindo a proximidade de fontes de água, foram já identificadas. Este ano está a ser comercializado um total de 112 mil toneladas e isso é considerado uma grande conquista para o país, porque é a cifra mais alta alcançada desde a independência nacional.

Recuperar o lugar de grande produtor de caju

O sector do caju em Moçambique está a recuperar os níveis de produção devido à introdução de inovações; e este fator está já a contribuir para o combate à pobreza rural no país.

É que a partir do caju os moçambicanos produzem, para posterior venda, o sumo e a aguardente, uma bebida alcoólica muito consumida no campo. Estes elementos são considerados importantes para combater a pobreza rural.

Para lá destes fatores, o governo está neste momento a levar a cabo ações para que o país aumente o número de fábricas que agora são 23, e empregam cerca de nove mil trabalhadores.

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Hoje em dia a castanha de caju já não é tratada manualmente (como na foto) mas em modernas instalações industriais.Foto: GTZ / Ursula Meissner

Áreas maiores de cultivo e novas fábricas

A provincia nortenha de Nampula vai alargar os campos agrícolas para 10 milhões de hectares e instalar uma fábrica de processamento com capacidade para produzir 10 mil toneladas. Diz Filomena Maioupue, a diretora do Instituto Nacional do Caju.:

"A capacidade é bastante grande, dez mil toneladas processadas por ano, enquanto a que temos aqui tem uma capacidade máxima de processamento de quatro mil toneladas. Não diria que é uma diferença mas sim um ganho. Portanto nós temos potencial para instalar mais fábricas no pais."

O crescimento do setor do caju acontece depois do Governo ter lançado vários instrumentos com vista a reverter o cenário em que se encontrava.

Trata-se do plano diretor do caju, que definiu o novo plantio de cajueiros; o tratamento integrado do caju para o controlo de pragas e doenças; distribuição pelos produtores, de mais de dez milhões de mudas; o aumento da produção anual até 12 toneladas por árvore, contra as três anteriores.

"E essa quantidade de castanha é muita, e tem um impacto na vida das famílias em Moçambique. Para nós isto significa que a castanha tem um papel importante na luta contra a pobreza."

E muito a propósito o Insituto Nacional de Caju afirma que neste momento existem condições para a instalação de mais fábricas de processamento de caju.

Metropole Hanoi Vietnam
O Vietnam (na foto a capital, Hanoi) quer ajudar Moçambique, apesar dele ser um forte concorrente na produção da castanha de caju.Foto: DW

Vietnam ajuda Moçambique a recuperar

Aliás, tal facto deve-se ao apoio que o executivo de Maputo está a receber do Vietname segundo maior produtor e exportador da castanha a nível mundial. O embaixador daquele país asiático, em Maputo, afirma que Moçambique pode recuperar os níveis anteriores de produção.

"Moçambique já foi grande produtor e tinha já uma indústria muito desenvolvida; em comparação com países como o Vietname, estamos a ver que este setor está a ser relançado e recuperado"

Na próxima campanha de 2011/2012 a previsão é atingir a comercialização de 200 mil toneladas, ou seja níveis semelhantes aos de 1970.

O pais atingiu, na presente campanha de castanha de caju (2010/2011) a maior produção pós-independência, ao alcançar uma cifra de 112 mil toneladas, o que se pode considerar como sendo o relançamento desta cultura.

"Anualmente temos indicação de números de castanha comercializada, mas estes números passam no circuito formal de informação. Mas temos outra quantidade de castanha que não passa pelas nossas mãos"

Mosambik Goldwäsche Flash-Galerie
Moçambique tem potencialidades naturais e humanas para ser um país rico.Foto: DW/M.Barroso

Autor: Romeu da Silva (Maputo) / Carlos Martins
Revisão: António Rocha