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Moçambique abre portas à primeira fábrica de antirretrovirais

20 de julho de 2012

A partir de sábado, 21 de julho, vai entrar em funcionamento a primeira fábrica de medicamentos antirretrovirais do país. Nasce da cooperação com o Brasil e será um meio de resposta nacional à problemática do HIV/SIDA.

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Moçambique abre portas à primeira fábrica de antirretrovirais
Moçambique abre portas à primeira fábrica de antirretroviraisFoto: picture-alliance/dpa

A fábrica vai abrir portas na cidade da Matola, província sul de Maputo. Já foi concluída a instalação dos equipamentos de produção e controlo de qualidade, trabalho que decorre desde fevereiro deste ano.

Numa primeira fase, a fábrica vai cuidar da embalagem dos medicamentos que serão produzidos no Brasil e, gradualmente, a unidade vai receber produtos químicos para avançar com a produção local. O diretor de operações da fábrica, Roberto Camilo, explicou que aquela indústria farmacêutica vai produzir “seis produtos para a SIDA e 15 produtos que chamamos de multiprodutos. São para hipertensão, diuréticos, tuberculostáticos e outros”. Feitas as contas, a capacidade anual instalada na nova fábrica é de 226 milhões de medicamentos antirretrovirais e 145 milhões de outros produtos diversos.

A criação da empresa contou com o envolvimento do Instituto de Tecnologia em Fármacos brasileiro, sendo parte de um programa de cooperação entre Moçambique e Brasil.
A coordenadora do projeto, Lícia de Oliveira, falando à televisão pública de Moçambique, garantiu que o país vai exportar os fármacos, mas antes tem que adquirir um certificado internacional. Segundo Lícia de Oliveira, a “fábrica está pronta para ser certificada internacionlamente. Com esse reconhecimento de padrão de qualidade, o mercado será ilimitado. Ela está preparada para isso”.

Lícia de Oliveira assegurou também que “a sustentabilidade (...) foi acautelada na lógica de um plano de negócios que, recentemente, foi concluído e que aponta para números muito interessantes, como por exemplo o retorno dos investimentos desse empreendimento em sete anos”.

Com esta fábrica e o intercâmbio de competências e conhecimentos, o Brasil espera ajudar a reduzir os índices de seroprevalência em Moçambique. Na opinião da coordenadora do projeto, “da mesma forma que o Brasil conseguiu avançar, combater, minimizar e colocar as pessoas a ter possibilidade de tratamento, essa mesma ideia poderia estar aqui. E eles [no Brasil] pensam em trazer essa realidade para Moçambique”.

Custos com medicamentos impedem seropositivos de comprar alimentos
A produção da fábrica de antirretrovirais vai melhorar o acesso dos moçambicanos aos medicamentos. O país tem uma incidência do vírus HIV de 11,5 % da população, mas pouca capacidade de resposta de tratamento. Os medicamentos antirretrovirais só chegam, ainda, a 260 mil seropositivos dos mais de dois milhões que existem em Moçambique.

Muitos dos seropositivos têm estado a queixar-se da falta de dinheiro para comprar comida a fim de resistir aos antirretrovirais. Celeste Ramos, ativista contra SIDA na Cruz Vermelha de Moçambique, declara que estão a ser realizadas campanhas de produção de alimentos para os seropositivos resistirem aos medicamentos.

Celeste Ramos considera que “a nossa ação tem que ser na comunidade. O nosso sucesso depende de uma participação ativa de todos nós. Queremos que a comunidade aprenda quais são os produtos que deve cultivar, como é que deve combinar corretamente os alimentos, de forma a dar às suas crianças e à população em geral uma alimentação saudável”.

Em 2014, a expetativa é de que a produção de medicamentos corresponda a pedidos de toda a África Subsaariana. O investimento total no projecto de construção da fábrica foi estimado em 80,4 milhões de euros, financiamento que está dividido entre o governo brasileiro e empresas privadas, como a mineira brasileira Vale (que opera no sector do carvão da província de Tete, no centro de Moçambique).

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Glória Sousa / António Rocha

MMT 20.07.12 Moçambique - fábrica - MP3-Mono

Medicamentos antirretrovirais utilizados no tratamento à SIDA
Medicamentos antirretrovirais utilizados no tratamento à SIDAFoto: picture alliance/dpa
Title: Grocery Keywords: Trade Customers Who took the picture / photographer? Ismael Miquidade When the picture was taken? 21-05-2006 Where the picture was taken? Matola, Maputo, Mozambique / Mosambik Image Description: On what occasion / situation in which the image was taken? Who or what is shown in the picture? Typical grocery in Mozambique. Where can you buy everything from food products (rice, oil, fruit, milk, juices and soft drinks) as many others like skin cream or refills for your phone. Verkaufsstand in Maputo. Photograph ist Ismael Miquidade, der die Rechte an die DW abgetreten hat. Zulieferer: Johannes Beck Eingestellt April 2011
Em Moçambique, muitos seropositivos queixam-se da falta de dinheiro para comprar comidaFoto: Ismael Miquidade