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Moçambique: Dhlakama mostra relativa confiança em Nyusi

Nádia Issufo
10 de outubro de 2017

Líder da RENAMO satisfeito com celeridade que o processo de paz está a tomar. Entretanto, Afonso Dhlakama diz que proposta de descentralização afinal não será aprovada ainda este ano como tinha planeado a RENAMO.

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Filipe Nyusi (dir.) e Afonso Dhlakama num encontro em Gorongosa em 2017Foto: Presidencia da Republica de Mocambique

E sobre a aparente boa vontade e disponibilidade do Presidente moçambicano Filipe Nyusi nas negociações, Dhlakama mostra-se mais confiante em relação aos anteriores Presidentes do país. Mas o líder da RENAMO lembra, entretanto, que Nyusi ainda não cumpriu com uma promessa: retirar o exército da Gorongosa. Leia a segunda parte da entrevista com o líder do maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, Afonso Dhlakama.

DW África: Como vão as negociações de paz? Ainda há demoras no processo de descentralização?

Afonso Dhlakama (AD): As coisas já estão a melhorar. De facto, as coisas eram lentas no passado e o Presidente da República queixava-se de falta de poderes para decidir algumas coisas comigo porque não tinha a certeza do que aconteceria no XI Congresso [da FRELIMO], mas saiu vitorioso, confirmado como presidente da FRELIMO e futuro candidato às eleições de 2019. E já tem poderes de decisão, quer para a descentralização quer para o enquadramento dos homens da RENAMO, nos comandos e lugares de chefia nas FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique). Acredito que as coisas, até ao final do ano vão andar melhor.

DW África: A lei da descentralização ainda será aprovada este ano, como desejava a RENAMO?

AD: Não. Não será possível porque o tempo está a passar, estamos em novembro. Mas acredito que a documentação sobre a descentralização vai poder entrar [no Parlamento] ainda este ano e nos princípios do próximo [2018], em março, terão de discutir e aprovar porque entra como um acordo assinado, um acordo político entre o Governo e a RENAMO. E isto para permitir que em abril o Presidnete da República ao anunciar a data da realização das eleições para 2019 tenha já os instrumento em mãos, já com a lei  sobre a descentralização em Moçambique aprovada. E isso já está garantido, já temos a resposta por parte do Governo.

10.10.17. ONLINE Dhlakama Neg. Paz - MP3-Mono

DW África: O presidente da RENAMO tem mantido encontros com o Presidente da República. Como avalia o gesto, a intenção e a disponibilidade de Filipe Nyusi neste processo de paz? Ele mostra uma posição de boa vontade?

AD: Só ele pode dizer que tudo o que está a fazer é de boa vontade ou obrigado, porque também já viu que ele não é o primeiro Presidente de Moçambique, por parte do partido FRELIMO [a negociar a paz com a RENAMO], é o quarto. Houve Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza e ele é o quarto e conhece os erros terríveis que os outros cometeram e que provocaram distração no país, divisão das famílias e guerras sem fim. Portanto, ele pode tentar ser o melhor e corrigir, porque também sabe que se não corrigir vai ser pior do que os outros. Agora, dizer que, de facto, está a fazer do fundo do coração [não posso dizer], só o próprio o pode fazer. Mas pelo menos está a tentar fazer alguma coisa, estamo-nos a entender e há coisas que já combinamos e que estão a falhar, prometeu-me tirar todas as forças da região da Gorongosa até dia 30 de junho deste ano e até agora ninguém saiu. Mas eu descontei, vamos ver mais adiante. Como líder não posso desconfiar à partida que ele vá aldrabar como os outros aldrabaram. É tentar sempre conseguir a paz verdadeira para o povo moçambicano.

DW África: O que perspetiva para Moçambique nos próximos tempos?

AD: Como político, pai de família e humano, penso que juntando os meus esforços e do Presidente da República, nós como líderes, temos de conseguir [a paz]. Os líderes não podem ser ditadores, vão trabalhar conforme a harmonia dentro dos seus partidos, mas os líderes às vezes precisam aceitar correr riscos porque se não vão em frente e não acreditam na estratégia para a paz e vão ouvir os conselhos dos camaradas e amigos, se tudo correr mal vão se rir de si. Por isso nós os líderes temos de ter democracia interna.

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