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Moçambicano cria equipa de futsal para invisuais

Romeu da Silva (Maputo)4 de agosto de 2015

Um empresário moçambicano sonha levar a equipa a campeonatos internacionais. Além disso, emprega ainda pessoas com deficiência no seu bar, no Aeroporto Internacional de Maputo.

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Para superar preconceitos, portadores de deficiência visual decidiram integrar uma equipa de futsal criada pelo empresário moçambicano Vaz de Sousa, em Maputo. "A sociedade ainda não encara isto como uma coisa positiva", diz uma das jogadoras, a jovem Maria Muchafo.

Todos os domingos de manhã, no centro da capital moçambicana, pouco mais de uma dezena de portadores de deficiência visual correm atrás de uma bola com um guizo. "Seguimos o som da bola. Quem vem com a bola tem de dizer a palavra 'estou' que é para a pessoa à frente não bater", explica o jovem Gildo, considerado o melhor marcador da equipa.

Antero Cambaco, um treinador muito experiente, que esteve à frente do Desportivo de Maputo, desdobra-se em esforços para lidar com esta equipa de pessoas com deficiência visual: "Na verdade, é difícil. Precisamos de nos ambientar, não há dúvida. Mas sinto-me honrado de poder dar este contributo dentro desse grupo que se sente um pouco abandonado na sociedade."

E não é só isso

Mosambik Thema Behinderung in der Arbeitswelt - Ana Paulo
Funcionários queixam-se frequentemente de serem excluídos pela sociedadeFoto: DW/R.d. Silva

O empresário Vaz de Sousa também tem um bar no Aeroporto Internacional de Maputo, onde trabalham pessoas com deficiência.

Numa cadeira de rodas, a jovem Ana Paulo apressa-se a servir o pequeno-almoço aos clientes.

"Tenho de atender todos sem me exaltar ou ficar chateada. Os clientes têm de receber o seu pedido com todo o amor e carinho. Não posso mostrar cara feia", afirma. "Há sempre limites. O que uma pessoa sem deficiência faz em um minuto, eu talvez faça em dois, mas o trabalho está a andar."

Ana também tem colegas mudos e surdos. Uamusse é o que tem a tarefa mais árdua porque é gerente e trabalha só com um braço.

"Isto é mais uma prova de que somos capazes. Se a pessoa tem um bom coração, vai voltar sempre. Nem todos regressam ao bar, cada um tem a sua maneira de lidar com deficientes", comenta ele.

A jovem Ana apela aos empresários para que não tenham receio de empregar pessoas com deficiência, até porque eles já mostraram que são capazes.

"Há muitas pessoas limitadas lá fora e que estão à espera de uma oportunidade, mas que infelizmente até agora não a tiveram", alerta.

Um homem com perspetivas

Mosambik Thema Behinderung in der Arbeitswelt - Ana Paulo
A jovem Ana Paulo apressa-se para servir o pequeno-almoço aos clientesFoto: DW/R.d. Silva

Vaz de Sousa diz que, desde criança, sempre gostou de ajudar o próximo. Daí que tenha pensado em dar emprego a pessoas com deficiência.

O empresário moçambicano refere que tenta dar resposta às inúmeras queixas de pessoas com deficiência - uma delas, a exclusão da sociedade: "Através do que eu faço, as minhas portas estão sempre abertas para que, juntos, possamos criar condições."

E essas parecem estar a surgir, porque o empresário já sonha em levar a equipa de futsal às competições internacionais, apesar de este ser terreno novo em Moçambique. "Temos um patrocinador que nos tem dado apoio e há algumas outras almas caridosas que já disseram que também nos vão nos apoiar."

Empresário moçambicano ajuda deficientes em Maputo